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Fiscalização do CREMERJ constata que caos continua no Andaraí

19/03/2018

Grande déficit de médicos, superlotação, fechamento de leitos e falta de medicamentos continuam fazendo parte do dia a dia no Hospital Federal do Andaraí (HFA). Na última quinta-feira, 15, a equipe da Comissão de Fiscalização (Cofis) do CREMERJ esteve na unidade para uma vistoria. Foi constatado que o hospital permanece sem diretor técnico, como foi verificado na última visita, em julho do ano passado. Como agravante, não há chefia nos setores mais críticos, como CTI, emergência e pediatria. Os serviços de anatomia patológica e endoscopia também estão sem liderança.

Dos 302 leitos instalados no HFA, 61 estão bloqueados devido à falta de médicos. No CTI, cinco dos 15 leitos estão inativos. A enfermaria de clínica médica perdeu oito leitos e as de cardiologia e de pneumologia foram extintas. Por esse motivo, não há como absorver os pacientes, que ficam internados na emergência em condições desumanas.

A emergência funciona sem classificação de risco e tem o atendimento restrito a casos de maior gravidade. Não há leito reservado para os pacientes do trauma, já que a sala vermelha está sempre superlotada, por falta de vaga na enfermaria de clínica médica e ausência de enfermaria de oncologia. Médicos relataram que pacientes crônicos ficam internados por várias semanas na sala vermelha. No dia da fiscalização, três doentes estavam havia três dias na hipodermia da emergência, dormindo sentados em poltronas que não reclinavam.

Desde 2013, após a demolição das antigas instalações, a emergência funciona de forma improvisada e compartimentada: a hipodermia fica no quarto andar do prédio dos ambulatórios, e a sala de trauma, no térreo, o que dificulta a ação integrada da equipe. Não foi apresentada previsão para início das obras de construção da nova emergência.

Também faltam diversas medicações oncológicas injetáveis e orais, e é habitual a suspensão de ciclos de quimioterapia. Durante a vistoria, foi relatado à Cofis que ao menos nove pacientes tiveram os cuidados adiados por falta de quimioterápicos e hormonioterápicos. Em decorrência da escassez de médicos, da ausência de enfermaria específica para internação e da constante deficiência de medicamentos, a agenda de primeiro atendimento na oncologia foi suspensa.

“O Hospital do Andaraí é referência no tratamento de grandes traumas e queimados e no ensino de internos e residentes em várias especialidades. Contudo, com a redução progressiva do número de médicos, leitos estão bloqueados e enfermarias importantes foram extintas. Tudo isso gera consequências muitos negativas para a formação profissional e o atendimento à população, ainda mais em uma região que já sofre com as deficiências da rede pública de assistência. O Ministério da Saúde precisa rever rapidamente a situação da unidade, para que ela possa funcionar de maneira plena”, reforçou o presidente do CREMERJ, Nelson Nahon.