Hupe precisará reduzir serviços após Estado descumprir liminar
16/06/2017
A direção do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), divulgou uma carta aberta ao corpo clínico, nessa quarta-feira, 14, em que informa a necessidade de contingenciamento dos serviços prestados pela unidade, devido à “inexistência de um cenário seguro de pagamento dos salários do funcionalismo público nos próximos dias”. Ainda de acordo com a direção, professores, servidores, residentes e alunos estão com mais de dois meses de atraso nos salários e bolsas, situação que se repete desde novembro de 2016.
Com a decisão, internações hospitalares, cirurgias eletivas, consultas e exames ambulatoriais no Hupe ficarão ainda mais restritos. Em razão disso, conforme a própria carta admite, a medida, infelizmente, impactará no atendimento à população e no ensino de residentes e de alunos da universidade.
O texto ainda expõe a triste situação ocorrida pelo atraso nos pagamentos, já que isso “impõe a todos um drama pessoal e familiar, caracterizado por endividamento financeiro, adoecimento psicológico e físico, além de impossibilidade financeira até de se locomover ao trabalho”.
A carta também enaltece o desempenho do corpo clínico, que tem se esforçado para garantir um atendimento digno à população. A direção reiterou que, apesar de tudo, o hospital continuará aberto, “desempenhando seu papel junto à Sociedade Fluminense”.
A situação do Hupe se agravou após o Governo do Estado descumprir uma liminar que determinava o Executivo a realizar o pagamento dos salários dos trabalhadores ligados à Secretaria de Ciência e Tecnologia no mesmo dia que os profissionais ligados à Secretaria de Educação. No entanto, o Estado informou na última terça-feira, 13, que recorreria da decisão.
Para o CREMERJ, que tem acompanhado a luta do Hupe, a atitude do Estado é absurda em todos os aspectos, principalmente quando se avalia a importância da unidade para o Rio de Janeiro. “Estamos falando de um hospital que é referência de atendimento para a população e de ensino para capacitar futuros médicos. Médicos e funcionários estão se esforçando para manter essa unidade aberta, mas é inadmissível que esses profissionais não recebam seus salários. O Estado não cumprir o que foi determinado pela Justiça é um absurdo, ainda mais recorrer dessa decisão. Vamos continuar nessa luta com o Hupe”, disse o presidente do CREMERJ, Nelson Nahon.