Entidades se unem em prol do Hospital Pedro Ernesto
25/01/2016
O Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e referência no atendimento médico de alta complexidade, corre o risco de fechar nos próximos dias. Devido ao atraso nos repasses, a unidade vem enfrentando situações críticas, como o déficit de insumos e medicamentos, além do atraso no pagamento de fornecedores. Na última segunda-feira, 18, o Hupe suspendeu as cirurgias eletivas e outros atendimentos. Os programas de saúde devem ser paralisados. A crise do hospital foi tema de uma reunião realizada nessa quinta-feira, 21, na sede do CREMERJ, que teve participação de representantes do Conselho, da Alerj, do Coren-Rj e da Amererj.
“Infelizmente, tivemos que cancelar as cirurgias, pois não temos mais condições de atender a população na atual circunstância. Estamos trabalhando para que em breve o hospital volte a funcionar em sua atividade plena. Mas a gente precisa se movimentar, não estamos falando apenas do fechamento do Hupe, mas do colapso de toda a rede”, comentou diretor do hospital, Edmar Santos, durante o encontro.
De acordo com a direção, os repasses para custeio oriundos da Prefeitura do Rio de Janeiro estão atrasados desde outubro e não há previsão para que os pagamentos sejam normalizados. Por conta disso, o Hupe está em débito com fornecedores de medicamentos e de materiais hospitalares. O abastecimento foi suspenso e os estoques estão quase zerados.
O pagamento de empresas terceirizadas, como limpeza, manutenção e segurança também está atrasado. Há meses, o Governo do Estado não realiza os repasses desses prestadores de serviço e parte deles já suspendeu o atendimento ao hospital. A empresa de manutenção elétrica, por exemplo, retirou parte dos funcionários do Hupe e ameaça paralisar por completo a atividade no próximo dia 25. Atualmente, apenas um plantonista está disponível por dia para atender todo o prédio.
Além do Hupe, a Policlínica Piquet Carneiro, no Maracanã, também foi atingida pela falta de recursos financeiros. O laboratório da clínica, certificada internacionalmente, foi paralisado, deixando de fazer centenas de exames. O programa de Saúde do Homem, que trata o câncer de próstata, e o Centro de Tratamento de Anomalias Craniofaciais (CTAC), que realiza cirurgias de lábios leporinos, não recebem verbas há dois meses e podem ser suspensos nos próximos dias.
Durante a reunião, ficou acertado que as entidades prepararão um manifesto sobre a crise enfrentada pelo Hupe e a criação de uma frente parlamentar para tentar articular ajuda para a unidade. Também estão na agenda de ações, a realização de uma reunião com o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Gustavo Tutuca, e de um show beneficente, cujo objetivo é alertar para a situação crítica do hospital.
“Temos que unir esforços para tentar reverter a crise enfrentada pelo Hupe, que é referência tanto no atendimento à população quanto na formação de novos médicos”, declarou o vice-presidente do CREMERJ, Nelson Nahon.
O encontro contou com a presença dos diretores do Conselho Gil Simões e Renato Graça; da deputada estadual Enfermeira Rejane; do vice-presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ), Thiago de Freitas França; do diretor do Sinmed-RJ Jorge Luiz Amaral (Bigu); e do representante da Associação dos Médicos Residentes do Estado do Rio de Janeiro (Amererj) Vitor Alvarenga.