Membros da Comissão da Verdade da Reforma Sanitária (CVRS) participaram de uma reunião com a diretoria do CREMERJ, no dia 14 de julho, na sede do Conselho. A CVRS pediu apoio à entidade para ações da comissão, que pretende tomar conhecimento de como os presos políticos eram tratados nas unidades de saúde durante a ditadura militar (1964-1985), além de saber sobre violações ao ato médico em qualquer situação, buscando um meio de reparação para quem possa ter sofrido repressão, agressão ou violência moral.
Segundo a CVRS, algumas vítimas relataram que sofreram maus tratos por parte de profissionais de saúde ligados ao militarismo, como no Hospital Central do Exército (HCE) e em clínicas médicas. A comissão irá realizar um estudo histórico, reunindo dados sobre as lesões sofridas, como eram preenchidos os prontuários médicos, se havia alguma forma de coação dos profissionais de saúde para que as informações não fossem descritas de maneira verídica – na intenção de esconder atos de tortura – entre outras informações.
De acordo com a presidente da CVRS, Anamaria Tambellini, uma das propostas é criar um site que contenha uma forma de relato online, com a finalidade de identificar o maior número possível de vítimas. Para garantir a veracidade das informações, a vítima terá que incluir o número do seu CPF.
"Sabemos que muitos profissionais de saúde se arriscaram na época ditatorial para exercer a sua profissão, que é cuidar de vidas. Porém também queremos investigar se algum profissional de saúde usou o seu conhecimento para promover alguma forma de tortura. Queremos saber que doença um preso político tinha e para onde ele ia quando passava mal ou precisava de um tratamento. Temos um projeto para investigar isso", explicou Anamaria.
O presidente do CREMERJ, Sidnei Ferreira, reafirmou que a entidade apoia a comissão e se colocou à disposição para ajudar no que for preciso.
"Apoiamos a causa e, dentro da nossa prerrogativa, faremos tudo o que pudermos para contribuir com os projetos da comissão", declarou Sidnei Ferreira.
A reunião contou com a participação dos diretores do CREMERJ Nelson Nahon, Erika Reis, Gil Simões e Pablo Vazquez; do membro da CVRS e auditor fiscal do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Danilo Costa; do integrante da CVRS e diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), Hermano Castro; da psicanalista da Clínica do Testemunho Tânia Kolker; e da médica do Coletivo Rio de Janeiro Memória, Verdade e Justiça Ana Bursztyn-Miranda.