Médicos protestam no Dia Mundial da Saúde
08/04/2013
Nesse domingo, 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, cerca de 500 pessoas, entre médicos, estudantes de medicina, representantes de entidades e sociedade civil, comemoraram a data com uma manifestação na Praia de Copacabana, para denunciar à população a grave situação da saúde pública no Rio de Janeiro. Durante o protesto, foram destacadas a falta de concurso público com salário digno e de carreira de estado para o médico – principal motivo para a carência de recursos humanos nas unidades de saúde –, a gratificação prometida pelo Ministério da Saúde aos médicos federais, o piso salarial de R$ 10.412,00 (Fenam) e o repúdio à privatização da gestão pública de saúde e à importação de médicos estrangeiros sem a revalidação do diploma.
Promovida pelo CREMERJ, pela Fenam, pelo Conselho Federal de Medicina e pelo Sinmed-RJ, o ato teve sua concentração em frente ao hotel Copacabana Palace, por volta das 10h. Em seguida, os médicos caminharam com faixas e cartazes, em prol da valorização da medicina e de um atendimento de qualidade à população.
\"Estamos comemorando o Dia Mundial da Saúde de forma diferente para mostrar a nossa insatisfação com toda essa situação de calamidade que vivencia a saúde pública. Na semana passada, nos reunimos com o ministro da saúde, Alexandre Padilha, e, infelizmente, foi uma grande decepção para a nossa categoria. Ele não mostrou interesse pela maioria das nossas reivindicações, o que nos impulsionou ainda mais a realizar esse protesto para mostrar a força dos médicos. Temos que nos unir, porque, de fato, estamos numa luta\", declarou a presidente do CREMERJ, Márcia Rosa de Araujo.
A manifestação também recebeu o apoio dos alunos da Universidade Gama Filho, que, mesmo pagando em dia as suas mensalidades, estão sem aulas e hospital-escola. Os estudantes compareceram com faixas que denunciavam a incompetência da mantenedora Galileo Educacional em gerir a instituição e a sua indignação com o Ministério da Educação por até o momento não ter feito nada de concreto. \"Lutamos contra a Galileo há dois anos. Desde a sua entrada, só vemos a situação piorar, com o fechamento de laboratórios, a falta de pagamento do salário dos professores, a carência de infraestrutura, além de outros problemas. O caso se agravou tanto que hoje estamos sem aulas. Há três semanas, tentamos nos reunir com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, mas ele sempre desmarca as reuniões. Falamos com os assessores dele, mas acho que ele poderia nos receber, tendo em vista a nossa situação\", desabafou Rafael Callado, presidente do Centro Acadêmico de Medicina da Universidade Gama Filho.
Integrantes da Associação de Pais e Alunos da Universidade Gama Filho – formalizada no último sábado, 6, no auditório do CREMERJ – também protestaram. O presidente da entidade recém-inaugurada, Paulo Roberto Fernandes, pediu a adesão de todas as escolas médicas e alertou que o momento caótico que vive a Gama Filho pode chegar em qualquer universidade. A manifestação foi apoiada ainda pela Associação dos Médicos Residentes do Estado do Rio de Janeiro (Amererj), que destacou a falta de insumos e as más condições de trabalho, dificultando o aprendizado.
Funcionários do Hospital Municipal Raphael de Paula Souza, em Curicica, que teve os serviços de cirurgia geral e de ginecologia fechados na última semana sem nenhuma explicação, também aderiram à campanha.
\"Estamos nas ruas para denunciar o sistema público de saúde. Não existem profissionais que trabalhem nas mesmas condições que nós, vendo os nossos pacientes serem a cada dia mais afetados por toda essa falta de respeito do poder público. Temos uma sensibilidade humana e política, por isso protestamos. Em todo o Brasil, há médicos em manifestação pelo Dia Mundial da Saúde, porque estamos numa situação que muito nos preocupa. Pedimos mais 10% do orçamento federal para a saúde. A arrecadação de imposto bate recordes no país, então dinheiro há. Temos esperanças que as coisas melhorem, mas sabemos que isso só acontecerá com luta\", disse o conselheiro do CREMERJ e vice-presidente do CFM, Aloísio Tibiriçá, que também anunciou novo protesto em Brasília na próxima quarta-feira, 10.
O presidente do Sinmed-RJ, Jorge Darze, frisou a importância da união dos médicos para que haja resultados, assim como destacou o vice-presidente da Fenam, Otto Baptista: \"Precisamos do apoio de todos os colegas, inclusive dos jovens, que, aliás, estão em massa nessa manifestação e, por isso, os parabenizo. Sabemos que a situação das emergências é péssima, temos vários problemas para enumerar, mas gostaria de compartilhar boas notícias. Tivemos uma audiência histórica com a presidente Dilma Rousseff, onde falamos, entre outros assuntos, sobre a situação dos médicos federais. Ela assumiu a responsabilidade e disse que quer solucionar essa questão. Essa é mais uma prova de que não podemos desistir\".
Também participaram da manifestação os conselheiros Luís Fernando Moraes, Nelson Nahon, Erika Reis, Arnaldo Pineschi, Kássie Cargnin, Pablo Vazquez, Armindo Fernando da Costa, Marcos Botelho, José Ramon Blanco, Marília de Abreu, Sidnei Ferreira e Sergio Fernandes, membros das associações médicas de bairros e do Sindicato da Saúde e Previdência (Sindsprev), além de representantes de sociedades de especialidade e de várias outras entidades.