Clipping - Ar contaminado mata milhões
Extra / Bem-viver
03/05/2018
Poluição causa câncer e AVC, entre outras doenças; 90% da população é afetada
Mais de 90% da população mundial respira ar contaminado,
advertiu ontem a Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera a poluição
responsável por sete milhões de mortes ao ano.
A organização relaciona a poluição a vários problemas de
saúde: câncer do pulmão, acidente vascular cerebral, isquemia cardiovascular e
infecções agudas do sistema respiratório inferior, como pneumonia. “Nove em
cada 10 pessoas respiram ar que contém níveis elevados de contaminação”, afirma
a agência da ONU, um número que não mudou desde a publicação do relatório
anterior da OMS sobre o tema, há dois anos. Segundo a agência, “nos últimos
seis anos, os níveis de contaminação do ar permaneceram elevados e mais ou
menos estáveis, com concentrações em ritmo de baixa em alguma regiões da Europa
e das Américas”.
As conclusões da OMS se baseiam na qualidade do ar
registrada em mais de 4.300 cidades de 108 países — mil cidades a mais do que o
relatório anterior. O levantamento trata especificamente da exposição das
pessoas a material particulado, uma poeira fina com grande impacto sobre a
saúde.
As fontes de poluição são diversas: podem vir desde
escapamentos de ônibus, carros e caminhões até da suspensão da poeira do solo e
processos industriais. O relatório destaca que mais de 90% das mortes
vinculadas à poluição acontecem em países com renda baixa ou média.
Mais de 50 mil mortes por ano no Brasil
A poluição do ar em ambientes externos provoca a morte de
mais de 50 mil pessoas por ano no Brasil, de acordo com o novo levantamento da
OMS. Em 2016, foram 51.820 mortes. A cidade brasileira com os maiores níveis de
material particulado, dentro do universo de cidades que monitoram historicamente
o poluente, foi Brasília, em 2013. Na ocasião, o nível registrado foi de 137
microgramas por metro cúbico (MP 10). Uma das explicações para isso pode ser o
fato de a cidade ter sofrido, nos últimos anos, com as secas prolongadas e as
queimadas no Cerrado. Em 2016, a cidade de Santa Gertrudes, no interior
paulista, ficou no topo, com 80 microgramas/metro cúbico.
O banco de dados da OMS mostra que cidades do entorno de
São Paulo, como Diadema, São Bernardo e Cubatão, melhoraram a qualidade do ar
nos últimos anos, mas a população continua exposta a poluentes em níveis acima
dos recomendados pela OMS.
Em municípios próximos à cidade do Rio de Janeiro, como
Duque de Caxias e Nilópolis, o cenário não é melhor: a deterioração do ar
aumentou, segundo os dados históricos disponíveis.