Clipping - Atendimento a pacientes renais em Nova Iguaçu está ameaçado
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06/03/2018
Prefeitura já acumula uma dívida de R$ 3,4 milhões com clínica. Resultado: doentes atendidos pelo SUS correm o risco de ficar sem os tratamentos.
O atendimento a 350 pacientes renais do SUS em Nova Iguaçu
está ameaçado. Com quatro meses sem receber repasses da prefeitura, a direção
da Clínica de Doenças Renais (CDR) não sabe se vai conseguir oferecer os
serviços aos doentes. A dívida já está em R$ 3,493 milhões.
Em nota, a Secretaria municipal de Saúde de Nova Iguaçu
informou que o processo do mês de dezembro de 2017 está em fase de pagamento.
Quanto ao valor referente a janeiro de 2018, somente poderá ser efetuado após a
comprovação dos serviços prestados junto ao Ministério da Saúde, que aprova e
repassa a verba ao Município.
— É uma falta de respeito que a prefeitura tem com a gente.
Não reconhece o trabalho que fazemos aqui. Estamos bancando o tratamento
através de empréstimos, mas não sabemos até quando isso vai continuar —
desabafou o diretor da CDR Nova Iguaçu, Jorge Arnaldo Valente de Menezes.
O valor é referente aos meses de outubro e novembro de
2016, dezembro de 2017 e janeiro deste ano. Na clínica, são 225 pacientes que
fazem hemodiálise e 125 que passam pelo procedimento em casa. Todos pelo SUS.
No total, são 500 pacientes.
Doente renal há 22 anos e há 18 na CDR, o aposentado Ivanir
Gomes de Mattos, de 48, conta que não teria onde fazer a diálise, caso o
atendimento na clínica fosse subitamente interrompido:
— Meu plano de saúde é o SUS. Se não fizer aqui, teria que
ser num hospital. Em Nova Iguaçu, só o Hospital da Posse. Fico triste com a
situação, mas não poso me desesperar. Isso pode prejudicar meu quadro.
Os pacientes renais que fazem hemodiálise pelo SUS são
atendidos na clínica quatro horas por dia e três vezes por semana.
O aposentado Edmar Vander Diniz, de 43 anos, disse que se
sente ameaçado, devido à dívida da prefeitura.
— A nossa vida depende desta máquina. Se ficarmos sem fazer
diálise, é óbito. Se a Prefeitura de Nova Iguaçu recebe a verba e não repassa à
clínica, é uma covardia — afirma o aposentado.
Prefeitura vem pagando dívidas com
credores
Jorge Arnaldo, diretor da clínica, diz que a administração
da CDR vai semanalmente à prefeitura tentar uma solução para a dívida. Em vão.
— São 80 funcionários ao todo. Os equipamentos vêm de fora,
temos tratamento de ponta para todos os pacientes. A prefeitura deveria estar
orgulhosa, mas eles não nos respeitam — afirma o diretor. A Prefeitura de Nova
Iguaçu lembra que assumiu a gestão municipal com dívidas e atrasos nos
pagamentos de diversos prestadores de serviço, a exemplo da CDR.
E mais: acrescentou que vem buscando equilibrar as contas
do município e tentando uma solução para equacionar os pagamentos de 2016
deixados em atrasos pela gestão do ex-prefeito Nelson Bornier (MDB).
Apesar de a CDR e a atual prefeitura informarem que tinham
parcelas em aberto de 2016, Bornier negou as dívidas.
— Era a única coisa que não poderia atrasar. Era religioso
— disse Bornier.