Clipping - Hotéis de áreas afetadas por febre amarela já perdem reservas
O Globo / Rio
07/02/2018
Em Angra dos Reis, passeios de barco por ilhas registram queda de 20%
Os casos de febre amarela no interior do Estado do Rio já
estão provocando o cancelamento de reservas em hotéis de regiões afetadas pela doença.
Segundo Alfredo Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de
Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), ainda não é possível quantificar as
desistências, mas há relatos de visitantes que desistiram de ir para
Teresópolis, que já teve sete casos da doença, com quatro mortes, para Rio das
Flores, com um óbito, e para Ilha Grande, em Angra dos Reis, um destino popular
no carnaval.
— Tivemos cancelamentos. Acredito que foi por conta do
nosso público ser mais velho (idosos só podem ser vacinados com recomendação
médica). No ano passado, estávamos com uma ocupação de 93% nessa época. Agora,
estamos com 70%. Mantivemos o preço de 2017, não consigo ver outra razão para a
queda, só mesmo o medo da doença — comentou a funcionária de um hotel em Teresópolis.
Na pousada Porto Abraão, em Ilha Grande, uma reserva foi
perdida anteontem. A subgerente do local, Mônica Cristianes, contou que um
casal de idosos, que passou o carnaval no local no ano passado, cancelou de
última hora por medo da doença, que provocou a morte de um morador de Angra:
O filho deles, que é infectologista, aconselhou os dois a
não virem. Por enquanto, foi só um caso, mas estamos apreensivos.
MENOS PASSEIOS DE BARCO
Na última semana, empresas de turismo registraram uma queda
de 20% na procura de passeios pelas ilhas da região, segundo o TurisAngra. Os
hóspedes estão sendo avisados de que, em caso de desistência, poderão receber o
valor da reserva de volta ou deixar como crédito para uso em outro momento.
O secretário municipal de Saúde de Angra dos Reis, Renan
Vinícius, disse ontem que é preciso reforçar o alerta para que os turistas que
não tenham sido vacinados contra a febre amarela fiquem longe da Ilha Grande e
de áreas de mata e cachoeira. Segundo ele, cartazes e agentes de saúde da região
já estão informando sobre os riscos, mas é preciso que a campanha chegue também
a cidades vizinhas.
— As pessoas não chegam em Ilha Grande só por Angra.
Precisamos ter alerta para a população em outros municípios. É importante a
concessionária das barcas também fazer este trabalho — defendeu o secretário,
que adotou uma prática de vacinação itinerante no início do ano, com o uso de
uma lancha, na qual equipes de saúde percorrem ilhas para vacinar quem vive
perto de locais de mata.
O Rio registrou desde janeiro 22 mortes por febre amarela,
contra nove em 2017. Ontem, foi confirmado mais um óbito, desta vez em
Sumidouro, que já reteve quatro casos da doença.