Clipping - Vigilância Sanitária interdita distribuidora de água e restaurante no Morro do Vidigal onde foram encontrados focos de
O Globo / Rio
12/01/2018
Distribuidora e restaurante são interditados pela Vigilância Sanitária
Uma distribuidora de água e um pequeno restaurante no Morro
do Vidigal foram interditados ontem por agentes da Vigilância Sanitária e das
secretarias municipais de Conservação e Meio Ambiente e de Ordem Pública.
Exames feitos pela Fiocruz detectaram focos de hepatite A em galões da água
mineral vendida na loja e num poço artesiano nos fundos do Salle’s Bar, que
fica na principal rua da favela. Na manhã de anteontem, a prefeitura já havia
retirado o chuveirinho da Praia do Vidigal, em frente ao Hotel Sheraton, onde
também foi constatada a presença do vírus da doença.
Foram levados para um depósito da prefeitura 169 galões de 20 litros de água Ouro da Serra, empresa que fica em Xerém, em Caxias. O secretário municipal de Conservação e Meio Ambiente, Jorge Felippe Neto, que acompanhou a operação no Vidigal, determinou que a Vigilância Sanitária do estado seja informada sobre a apreensão, para uma possível inspeção na fábrica. Também foram recolhidos garrafinhas plásticas das marcas Hélios e Saquá.
FÁBRICA SEM FISCALIZAÇÃO
Agentes da
Vigilância Sanitária verificaram que alguns lacres de galões estavam frouxos,
com sinais de violação.
— A gente ainda não pode precisar o que aconteceu. Vai ser
necessária uma avaliação. Uma vez identificado pela Vigilância Sanitária da
Secretaria de Saúde que houve um ponto positivo aqui do vírus da hepatite, a
gente imagina que, talvez, tenha ocorrido algum tipo de novo envasilhamento.
Isso pode ter criado a condição perfeita para a proliferação do vírus — disse o
secretário Jorge Felippe Neto.
A Mineradora Herondina, que distribui a água Ouro da Serra
para todo o estado, funcionou normalmente ontem. Segundo os responsáveis pela
empresa, nenhum órgão público esteve no local após a divulgação do resultado do
exame que detectou o vírus da hepatite na água.
— Nós temos um processo intenso de assepsia dos galões, e a
nossa água é testada diariamente em laboratório interno. Também fazemos testes
em laboratórios externos credenciados pelo Instituto Estadual do Ambiente.
Nosso interesse é tranquilizar a população. Temos certeza que a contaminação
não partiu da Ouro Serra — afirmou o proprietário, Leonardo Oliveira Gonçalves.
A poucos metros da distribuidora de água no Vidigal, fica o
Salle’s Bar, que também foi interditado. Com uma promoção ontem em que vendia o
prato feito com refresco por R$ 12, os proprietários ficaram frustrados com a
decisão da Vigilância Sanitária. Ao baixar as portas, o filho da proprietária
xingou os agentes da prefeitura.
— As pessoas não entendem o nosso trabalho. Estamos
tentando proteger a saúde da população. Vamos interditar o bar temporariamente
até que novas análises sejam feitas e que tudo fique seguro para todos — disse
o sanitarista Luiz Carlos Coutinho, da Vigilância Sanitária do município.
A notícia sobre os casos de hepatite A deixou a população
apreensiva e mudou hábitos. Funcionário de uma empresa de refrigeração, Bruno
Botelho, de 36 anos, desceu o Vidigal ontem para comprar água no Leblon:
— Comprava água na distribuidora que foi interditada.
Agora, não vou colocar minha família em risco. Vou comprar água fora da
comunidade. Pagava R$ 7 por 20 litros. Lá fora é mais caro.
Dados da Agência Nacional de Mineração mostram que o Rio
tem 109 concessões de extração de água mineral no estado. Destas, 58 estão na
capital. A agência é responsável pela fiscalização do setor desde a captação
até a saída da água da fábrica, mas tem apenas dois geólogos para a realização
do trabalho. As concessões ainda podem ser vistoriadas pelo Instituto Estadual
do Ambiente, pelas vigilâncias sanitárias estadual e municipais e pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).