Clipping - Remédios prometidos não chegaram às clínicas do Rio
Extra / Cidade
13/12/2017
Medicamentos entregues não eram os que estavam faltando, diz associação
Depois de ser hostilizado duas vezes em agendas públicas, o prefeito Marcelo Crivella visitou no último dia 1º o Centro de Distribuição de Medicamentos da Secretaria municipal de Saúde. Lá, gravou um vídeo. Com duas caixas de remédios nas mãos, anunciou a compra de R$ 100 milhões em medicamentos. Cinco dias depois, divulgou fotos de remédios sendo transportados e anunciou que hospitais e clínicas da família estavam recebendo “carga recorde de medicamentos e insumos para normalizar o estoque das unidades”, com 18 caminhões “completamente carregados”. No entanto, cerca de 200 medicações seguem em falta nas unidades.
— Não foram entregues medicações que estavam em falta nas
clínicas da família, como remédio para pressão e antibióticos. Temos boa parte
dessa medicação zerada e um estoque muito crítico nas clínicas — afirma Moisés
Nunes, presidente da Associação dos Médicos de Família e Comunidade do Estado
do Rio (Amfac-RJ).
O médico afirma que as unidades de atenção básica, em greve
há 48 dias, seguem desabastecidas:
— Temos um sentimento de indignação muito grande quando
vemos o prefeito ir à imprensa e dizer que está tudo resolvido. É mentira. Não
está resolvido e ele sabe disso. Não estamos aqui para brincar. Não estamos
disputando verdades. É uma disputa pela vida das pessoas. Os governantes das
três esferas, federal, estadual e municipal, têm plena responsabilidade sobre a
vida das pessoas que estamos perdendo, daquelas que estamos criando mutilações
pela falta de cuidado.
Cremerj: calamidade pública
O depoimento do médico
Moisés Nunes foi dado, ontem, durante uma entrevista coletiva em que o Conselho Regional de Medicina (Cremerj),
ao lado de outras entidades que representam profissionais de saúde, decretou
estado de calamidade pública técnica no Estado do Rio.
— O estado vive a sua maior crise na área da saúde, que
atinge unidades federais, estaduais e municipais. Não estamos vendo nenhuma
proposta para resolução desse quadro — lamentou, emocionado, o presidente do Cremerj, Nelson Nahon.
Segundo ele, ações na Justiça
não estão resolvendo, nem fiscalizações ou mobilizações dos conselhos regionais
de profissionais de saúde.
— Os conselhos regionais reunidos no Cremerj decretam estado de
calamidade pública técnica no Rio de Janeiro. Isso quer dizer que os responsáveis
pela desassistência da população e pelas mortes evitáveis são os governantes,
não somos nós, profissionais. Nós não somos culpados disso. O ministro da
Saúde, o governador Pezão e os prefeitos são os responsáveis pelas mortes —
atacou Nelson Nahon.
ENTIDADES MÉDICAS APOIAM MEDIDA
REPRESENTAÇÃO
Na reunião que decidiu por decretar calamidade pública
técnica no estado, estavam representantes dos conselhos de Medicina, Nutrição,
Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, da Associação de Médicos de Família e
Comunidade do Estado do Rio e da Arquidiocese do Rio.
PRAZO DE FORNECEDORES
A Secretaria municipal de Saúde (SMS) afirmou que o “reabastecimento das unidades com os insumos, já em andamento, segue os trâmites da administração pública e depende dos estoques e prazos dos fornecedores”.
SEM RESPOSTA
A secretaria não respondeu sobre os medicamentos que o
prefeito afirmou terem sido distribuídos na semana passada. Apenas afirmou que
“os itens comprados são, prioritariamente, os que estavam em falta”.
TOMÓGRAFOS PARADOS
De acordo com o Cremerj, dois tomógrafos do Hospital Souza
Aguiar e um do Hospital Pedro II, em Santa Cruz, estão quebrados. A SMS
respondeu que um aparelho do Souza Aguiar está em funcionamento e o do Pedro
II, em conserto.