Clipping - Um dia de fome no Hospital Rocha Faria
Extra / Cidade
29/11/2017
Crise na Saúde do Rio deixa pacientes e funcionários da unidade sem café da manhã
— Meu pai está internado esperando há 25 dias por um
procedimento cirúrgico. Fui até lá e providenciei o almoço dele. Eu ainda pude
fazer isso. E as pessoas que não têm um parente para ajudar? — lamentou Driele
Rodrigues, de 32 anos.
Com o salário de outubro atrasado, muitos funcionários do
hospital sequer tinham dinheiro para comer na rua. Ao lado de parentes de
pacientes, eles fizeram uma manifestação em frente à unidade.
O Rocha Faria é administrado pela organização social (OS)
Iabas, que deixou de pagar há dois meses a empresa que fornece refeições. A
dívida com a Nutrindo+ é de cerca de R$ 1 milhão. Já os repasses da prefeitura
para a OS em atraso somam cerca de R$ 10 milhões.
A Secretaria municipal de Saúde (SMS) informou que cobrou
da Iabas “o pronto restabelecimento das refeições, e a situação foi
regularizada já para o fornecimento do almoço”. Quanto aos repasses em atraso,
a secretaria afirmou que “os R$ 58 milhões acordados já foram depositados nas
contas bancárias das organizações sociais e cabe às mesmas o pagamento dos
salários de seus funcionários”.
Quanto ao paciente Cláudio Rodrigues, a direção do Rocha Faria
afirmou que ele está recebendo todos os cuidados necessários e aguarda
disponibilidade de vaga para realizar uma cirurgia. Ele está com obstrução nas
vias biliares.
Ação exige repasse
A crise na rede municipal de Saúde atinge hospitais e clínicas da família. Uma reportagem do jornal “O Globo” revelou, na semana passada, que, com R$ 550 milhões do orçamento bloqueados e pelo menos 120 leitos fechados nos últimos meses, em diversas unidades, por falta de recursos, esse cenário já se reflete nas estatísticas do desempenho da rede da SMS.