Clipping - No Rocha Faria, faltam gaze, esparadrapo e até papel higiênico
O Globo / Rio
19/10/2017
Funcionários estão com salários atrasados e restringem atendimento
Assim como o Salgado Filho, o Hospital Municipal Rocha
Faria, em Campo Grande, enfrenta uma grave crise. Além da falta de insumos,
profissionais de saúde estão com os salários atrasados. A unidade é gerida por
uma organização social.
— Faltam medicamentos, gaze, esparadrapo, ataduras, vários
tipos de fios de sutura, papel higiênico e sabão — contou um médico, que pediu
para não ser identificado.
Segundo uma enfermeira, também não há dipirona para uso
intravenoso no hospital:
— Todo material é racionado, porque está sempre faltando. E
nós ainda compramos sabão para lavarmos as mãos.
Ontem, um mapa do centro cirúrgico mostrava que nove
operações haviam sido programadas. Mas, às 17h, apenas duas tinham sido
realizadas, além de outras duas de emergência.
— Muitos profissionais não estão vindo, porque estamos sem
salários. Em setembro, recebemos no fim do mês. Por isso, apenas casos graves
estão sendo atendidos. A sala amarela masculina está vazia — contou um
enfermeiro.
Vítimas de um acidente de
moto, ontem à tarde, Agatha Rodrigues da Silva Barros, de 15 anos, e Nielson
Chaves de Araújo da Silva, de 24, foram atendidos. Mas a jovem deixou a
emergência com dor no cotovelo e no tornozelo.
— Perguntei ao médico se ele não poderia imobilizar com
atadura. Ele disse que não, mas mandou que eu fizesse isso quando chegasse em
casa. Um absurdo — queixou-se Agatha.
A emergência, que conta com 30 leitos, costuma ter 90
pacientes internados. Ontem, eram 50 doentes.
— Estou com uma dor terrível na cabeça, mas disseram que
não há médicos para atender e me mandaram procurar outro lugar — disse um
paciente.
A organização social Iabas, que administra o Rocha Faria,
afirmou que o hospital continua prestando atendimento, apesar do atraso de repasses
de R$ 14 milhões por parte da prefeitura.
A Secretaria Municipal de Saúde alega que segue o
calendário de repasses estabelecido pela Fazenda e informou que está agendado
para 16 de novembro uma transferência de R$ 5 milhões. O órgão informou que já
pediu prioridade para o pagamentos de contratos.