Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024

15 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.7-64, mai-ago 2024 Testes diagnósticos em doenças infecciosas Fernando S.V. Martins et al. e icterícia também é comum em diversas outras doenças infecciosas. Em condições naturais, a malária é transmitida por fêmeas de mosquitos do gê- nero Anopheles. Menos comumente a trans- missão pode ocorrer através de transfusões, contaminação de soluções de continuidade da pele com sangue, transplantes de órgãos, utilização compartilhada de seringas por usuários de drogas ilícitas endovenosas etc. Portanto, os elementos de convicção para malária são a presença de febre (um indicativo de infecção) + oportunidade de infecção (uma condição que está presente em todos os casos). Em áreas não endêmicas (como a ci- dade do Rio de Janeiro), ainda que exista o risco de ocorrer eventualmente episó- dios de reintrodução da malária e casos esporádicos causados por Plasmodium simium (Região Serrana), o dado comum à quase totalidade dos casos de malária é a história de viagem a uma área de trans- missão ativa (Região Amazônica, África, Subcontinente Indiano, Sudeste Asiático etc.). Quando não existe relato de viagem a uma área de transmissão, as outras opor- tunidades de infecção (transfusões, uso de drogas ilícitas endovenosas etc.) devem ser investigadas. Intuitivamente, quando o paciente reside em áreas endêmicas (como a Região Amazônica), a malária deve ser sempre considerada como uma possibili- dade diagnóstica em todas as pessoas que apresentem febre, mesmo quando exista uma outra causa aparente. FUNDAMENTOS DA COLETA E TRANSPORTE DE MATERIAL BIOLÓGICO A coleta e transporte de sangue ou outro material de origem humana implica adotar cuidados compatíveis com o procedimento a ser executado para evitar a transmissão de infecções, independente do diagnóstico ou condição do paciente ( “precauções universais” ). A escolha do material representativo da infecção, o volume adequado da amostra, os cuidados com a coleta, com o transpor- te e processamento de materiais clínicos para exames têm importância crucial. (3) É fundamental que haja uma estreita cola- boração entre a clínica e o laboratório, o que implica o conhecimento, pelo médico assistente, das possibilidades e das limi- tações do laboratório, dos seus métodos, suas rotinas e horários de processamento, além de compartilhar responsabilidade na orientação da coleta de espécimes. Material clínico coletado, transportado ou proces- sado de forma inadequada tende a gerar resultados imprecisos e pouco confiáveis. Sempre que possível, o material biológi- co a ser coletado para diagnóstico etiológico deverá ser obtido antes da introdução de antimicrobianos. Essa medida é particular- mente relevante quando o material se des- tina ao isolamento do agente infeccioso em cultivo, pois a presença do antimicrobiano poderá, além de reduzir a quantidade de mi- crorganismos na amostra a ser processada, posteriormente interferir com o crescimento in vitro . (3,21) Entretanto, se por alguma razão o início da terapêutica antimicrobiana já

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