Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024
13 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.7-64, mai-ago 2024 Testes diagnósticos em doenças infecciosas Fernando S.V. Martins et al. danificadas. Por outro lado, os componen- tes dessas células destruídas terão papel relevante na regulação da inflamação e manutenção da homeostasia. O sistema imune inato é um poderoso recurso de defesa, entretanto a eficiência plena de resposta protetora requer a atua- ção de anticorpos e células sensibiliza- das que integram a imunidade adquirida (adaptativa ou específica). O sistema inato se comunica diretamente, célula a célula, com o sistema adaptativo e, adicionalmente, libera mediadores que ativam e instruem a resposta adquirida e contribuem para o desenvolvimento de memória imunológica. O sistema imune adaptativo é o respon- sável pela resposta imunológica específica, de natureza humoral e celular. A resposta imune humoral corresponde à resposta mediada por anticorpos. É dividida em duas fases, a primária e a secundária. A resposta imune humoral primária é de- sencadeada pela ligação do antígeno ao receptor de células B naive , promovendo a ativação, proliferação e diferenciação desta célula, que resulta na produção de anticor- pos. (18) Os linfócitos B ativados promovem a atividade da deaminase, que media a troca de classe das imunoglobulinas (IgM, IgG, IgA, IgD e IgE) antes da entrada nos centros germinativos. A troca de classe é útil para adequar a função efetora do an- ticorpo, sem, entretanto, alterar o antígeno que será reconhecido. Os antígenos que estimulam lin- fócitos B podem fazê-lo diretamente (timo-independentes) ou requerer a par- ticipação de células T (timo-dependen- tes). Neste último caso, os linfócitos B se diferenciam em células de memória, de longa duração, o que geralmente se dá nos centros germinativos. (19) Em uma ex- posição subsequente ao mesmo antígeno, essas células de memória responderão prontamente e com grande eficiência, con- duzindo a rápida produção de anticorpos específicos, caracterizando a resposta imune humoral secundária. Na resposta imune adquirida celular, os linfócitos T desempenham o papel central, assegurando especificidade antigênica de resposta e, ao mesmo tempo, orquestrando a atividade antimicrobiana não específica das células do sistema imune inato e promo- vendo a destruição de células humanas in- fectadas. (20) A indução de resposta mediada por linfócitos T depende primariamente das células dendríticas que trafegam da porta de entrada da infecção aos órgãos linfoides periféricos (linfonodos) para apresentar o antígeno. As células T expressam recep- tores que detectam peptídeos derivados de patógenos apresentados pelas moléculas do complexo maior de histocompatibili- dade (MHC, do inglês major compatibility complex ). O encontro primário de células T naive com o antígeno microbiano resulta em ativação, proliferação e diferenciação de células T efetoras, que facilitam a erradica- ção do patógeno. Em sequência, emergem células T de longa duração, promotoras de memória.
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