Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024

86 Ascaridíase biliar maciça como etiologia incomum de pancreatite aguda. Relato de caso Roberth Andres Hidrovo Giler et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.83-92, mai-ago 2024 EVOLUÇÃO Trata-se de uma criança de 5 anos com pancreatite aguda de provável etiologia obstrutiva por áscaris lumbricoides; foi in- ternada em uma unidade de cuidados in- termediários e, iniciado o suporte clínico correspondente, com hidratação venosa, dieta zero, analgesia e controle laboratorial, apresentou melhora clínica progressiva, al- cançando valores normais das enzimas pan- creáticas e adequada aceitação da dieta oral, porém com icterícia (1+/4+) e níveis aumen- tados das enzimas hepáticas de predomínio colestático. Devido à suspeita diagnóstica de ascaridíase biliar, foi solicitada ultrassono- grafia endoscópica (USE) para confirmar essa suspeita. Realizada aproximadamente uma semana após a admissão, reportou ja- nela mediastinal sem alterações; pela janela gástrica explorou o lobo hepático esquerdo e direito, evidenciando dilatações dos ductos intra-hepáticos com presença de áscaris. Corpo e cauda pancreática com ecoestru- tura preservada. Wirsung não dilatado com diâmetro de 1,2mm ao nível do corpo. Na janela duodenal observou-se colédoco com presença de imagem hiperecogênica que ocupa a luz biliar, dilatado, medindo 11mm; alémdisso, identificada a presença de áscaris em movimentação na luz duodenal por via endoscópica e ecoendoscópica, com impac- tação de áscaris ao nível da papila. Vesícula biliar com ocupação por áscaris (Figura 2). Uma vez confirmada a presença de ás- caris nas vias biliares intra / extra-hepá- ticas, foi imediatamente programada uma CPRE para remoção dos parasitas, na qual foi observado: papila com pacote de áscaris impactados, com edema no infundíbulo (Fi- gura 3). Com o uso de alça fria e pinça de corpo estranho, a papila foi desimpactada, depois da extração de 15 áscaris. Após, foi possível realizar a colangiografia (Figura 4), confirmando mais uma vez a presença de Figura 2 Visualização por USE de áscaris nas vias biliares intra / extra-hepáticas.

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