Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024

58 Testes diagnósticos em doenças infecciosas Fernando S.V. Martins et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.7-64, mai-ago 2024 convalescente. Títulos estáveis de IgG en- tre as amostras ou aumentos inferiores a quatro vezes são indicativos de imunidade conferida por infecção antiga, ou ainda por vacinação específica. Notadamente, o aprimoramento das téc- nicas imunossorológicas tornou possível detectar a presença de IgM por um período mais prolongado após a infecção inicial. Níveis baixos ou residuais de IgM podem persistir por até 24 meses, o que dificulta a interpretação do momento exato da in- fecção, particularmente quando também se detecta a presença de IgG. Além disto, ainda que infrequentemente, os anticorpos IgMpodem ser detectados na reinfecção ou reativação de processos infecciosos. De emprego mais recente, um méto- do de ensaio imunoenzimático com base na capacidade de ligação dos anticorpos IgG permite diferenciar infecção recente de infecção antiga com presença de IgM residual. Tal capacidade de ligação, de- nominada avidez, é diretamente propor- cional ao tempo de infecção. Em quadros infecciosos com até 3 meses de evolução, a IgG apresenta baixa avidez, enquanto em infecções com mais de 3 meses, os anti- corpos apresentam alta avidez. O teste de avidez tem pouca aplicação como recurso preferencial para o diagnóstico dos qua- dros infecciosos agudos em geral, não se justificando seu emprego quando o diag- nóstico já foi confirmado pela presença de IgM e/ou soroconversão de IgG. A maior utilidade clínica do teste de avidez é no diagnóstico de infecções gestacionais em mulheres oligo ou assintomáticas. Parti- cularmente na suspeita de toxoplasmose aguda durante a gestação, a determinação mais precisa do momento de infecção é fundamental para definir a necessidade de tratar a gestante no intuito de evitar dano fetal. Sensibilidade, especificidade e valores preditivos Todos os testes de confirmação diag- nóstica podem produzir resultados falsos quando detectam a presença ou a ausência de determinada condição (infecção, doença etc.). A sensibilidade é a capacidade de um teste detectar os indivíduos realmente por- tadores de uma condição. A especificidade é a capacidade de um teste discriminar os indivíduos realmente não portadores da condição. Estas duas características operacionais são fixas, considerando lotes produzidos com ummesmo padrão de qua- lidade e executados com técnica correta, uma vez que não dependem do indivíduo testado ou da prevalência da condição na população. Sensibilidade e especificida- de referem-se à proporção de acertos em relação aos critérios considerados como padrão (“padrão ouro”), hipoteticamente capazes de realmente detectar ou excluir a presença de determinada condição em todos os indivíduos testados. Total de testes que detectam a condição em portadores Sensibilidade = ───────────────────────────── * 100 Total de indivíduos realmente portadores da condição

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