Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024
56 Testes diagnósticos em doenças infecciosas Fernando S.V. Martins et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.7-64, mai-ago 2024 e resistente à tetraciclina ou sensível ao ceftriaxone e resistente ao cefotaxime. Resultados diferentes destes padrões não devem ser levados em consideração para a determinação da terapêutica, uma vez que revelam falha na realização do TSA ou na identificação do microrganismo. É importante salientar que na escolha do antibiótico dentre os quais a bactéria é sensível, não se justifica comparar a CIM entre fármacos de classes diferentes. As- sim, se através da cultura e TSA da urina for demonstrado que a bactéria causadora de uma cistite é sensível ao cotrimoxa- zol e à ciprofloxacina, ambos disponíveis por via oral, deve-se dar preferência ao cotrimoxazol, ainda que a CIM em valor absoluto seja menor para a ciprofloxacina. Neste contexto, em que se admite o sucesso terapêutico com ambos os medicamentos, a escolha mais adequada será por aquele com menor espectro, toxicidade e custo. Métodos de demonstração da resposta imunológica Nas doenças infecciosas, não raramente a confirmação (ou exclusão) do diagnós- tico presumido pode ser feita através da demonstração da resposta de defesa es- pecífica (resposta imune ou imunológica) do hospedeiro resultante da presença do agente infeccioso. A forma mais comum de avaliar laboratorialmente a resposta imune visando diagnóstico é através da análise da produção de anticorpos induzida pelo agente infeccioso. A pesquisa de anticorpos séricos (“sorologia”) fornece ummarcador indireto de infecção recente ou antiga. (62) Diversas técnicas laboratoriais como a de aglutinação, de fixação de complemento, de imunodifusão, de imunofluorescência, de ensaio imunoenzimático (ELISA ou EIA), de ensaio imunoenzimático de micropar- tículas (MEIA), de quimioluminescência, de eletroquimioluminescência (ECLIA) podem ser utilizadas no diagnóstico das doenças infecciosas para a detecção de anticorpos (Quadro 15). As mais utilizadas em laboratórios clínicos, em decorrência da simplicidade técnica e custo proporcio- nalmente menor, são o ELISA, o MEIA e a quimioluminescência. O sinal biológico comumente pesquisa- do é um anticorpo da classe IgM ou IgG, direcionado a um antígeno expresso na superfície do agente infeccioso. A sorologia é particularmente útil no diagnóstico de doenças causadas por vírus e por protozoá- rios, para os quais o isolamento do agente infeccioso em cultivo pode ser bastante trabalhoso e complexo. Em resposta a um agente infeccioso, o primeiro anticorpo a ser produzido na infecção primária é da classe IgM. Os an- ticorpos IgM ficam presentes por um curto período, em geral desaparecendo de 3 a 6 meses após a infecção. Os anticorpos da classe IgG são produzidos em sequência, alcançam um pico, decaem parcialmente e geralmente persistem indefinidamente. Portanto, a presença de IgM é geralmente
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