Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024
55 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.7-64, mai-ago 2024 Testes diagnósticos em doenças infecciosas Fernando S.V. Martins et al. Aumentando Exposição) quando há eleva- da probabilidade de sucesso terapêutico porque a exposição ao antimicrobiano é aumentada pelo ajuste do regime de dosa- gem ou por aumento da sua concentração no local da infecção; resistente (R = Resistente) quando há uma alta probabilidade de falha terapêutica mesmo quando há maior exposi- ção. É importante considerar que os limites que definem as categorias de suscetibilida- de são dinâmicos e não raramente sofrem modificações, o que resulta na necessidade do laboratório de manter-se atualizado em relação à padronização internacional. A análise dos resultados de cultura e antibiograma, contudo, não se faz apenas com a leitura das categorias de suscetibili- dade. A interpretação de um antibiograma envolve uma análise crítica em relação aos resultados e deve ser feita levando-se em consideração as evidências clínicas. Como princípio e índice de qualidade, um antibiograma não deve utilizar marcas co- merciais nos resultados, uma forma pouco sutil de direcionar a prescrição para uma determinada apresentação. O painel de fár- macos deve ser adequado, não devendo ser testados antimicrobianos que sabidamente não têm ação (ou que não possam ser úteis para avaliação mais precisa da resistência) contra o microrganismo em questão e os que não podem ser empregados na situação clínica em questão. Assim, além de revelar uma falha técnica, é irrelevante o regis- tro da resistência de um Gram-positivo à polimixina ou de um Gram-negativo à eritromicina, uma vez que para ambos isso é um fato conhecido (resistência constitutiva). Da mesma forma é destituído de sentido anotar a sensibilidade à nitrofurantoína para uma bactéria que seja a causa de meningite, uma vez que este fármaco está disponível exclusivamente para uso oral, atinge níveis séricos muito baixos e não se concentra no sistema nervoso central. Deve ser observada também a coerên- cia dos resultados. É previsível que um S. aureus sensível à penicilina também o seja à oxacilina. No entanto, é impossível que o S. aureus seja sensível à penicilina e resis- tente à oxacilina, ainda que o contrário seja comumente observado. Também não seria crível, por exemplo, que uma amostra obtida a partir de um processo infeccioso no teci- do celular subcutâneo (celulite) tenha um Gram evidenciando cocos Gram-positivos agrupados em cachos e uma cultura com crescimento de enterobactérias (bastonetes Gram-negativos). Os resultados de sensibilidade regis- trados no TSA não devem diferir dos padrões esperados, como a resistência natural que apresenta a Klebsiella pneu- moniae à ampicilina, a Pseudomonas ae- ruginosa ao cloranfenicol, o Enterococcus faecalis às cefalosporinas, a Salmonella typhi às tetraciclinas etc . Da mesma forma, os padrões de sensibilidade de fármacos pertencentes a grupos em que ocorre re- sistência cruzada devem ser uniformes. Assim, não seria coerente que um mi- crorganismo fosse sensível à doxiciclina
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