Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024
19 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.7-64, mai-ago 2024 Testes diagnósticos em doenças infecciosas Fernando S.V. Martins et al. contaminantes) e coletar amostra tecidual mais profunda, com mais representativi- dade, para a cultura. (3,27) Cabe ressaltar, entretanto, que quando o agente presumido como causador da le- são ulcerada não faz parte da microbiota habitual de pele, de forma excepcional, a coleta de material para cultura poderá ser realizada por swab e raspado. Neste cená- rio, o resultado valorizável é a confirmação da presença de agente específico, como no caso da difteria cutânea ( Corynebacterium diphtheriae ). Nas lesões fechadas (bolhas, abscessos, furúnculos), o material poderá ser obtido por aspiração com seringa e agulha es- téreis; os resultados de isolamento terão utilidade clínica. Oro / nasofaringe A oro / nasofaringe possui numerosa microbiota residente. A bacterioscopia pelo Gram de materiais coletados destes locais não tem, em geral, utilidade clínica, pois não permite a diferenciação morfotinto- rial entre os patógenos e os componentes da microbiota habitual e nenhum recurso laboratorial quantitativo foi estabelecido de modo a tornar possível uma correlação acurada. Por outro lado, ferramentas como teste de antígenos, cultura e testes mole- culares podem ter utilidade e impactar na conduta terapêutica. As faringites agudas, em qualquer faixa etária, são mais frequentemente causadas por vírus e não têm tratamento específico. Entretanto, 10% a 15% das faringites dos adultos e 15% a 30% das faringites que acometem crianças são causadas pelo Strep- tococcus pyogenes e requerem tratamento antimicrobiano, no intuito de reduzir com- plicações supurativas e não supurativas. (28) A concomitância de fatores epidemiológicos e a superposição de manifestações clínicas dificulta o diagnóstico etiológico preciso das faringoamigdalites em bases clínicas, ressaltando-se que mesmo a aplicação de critérios diagnósticos clínicos clássicos, como o de Centor e McIsaac, não resulta em ganho efetivo de acurácia. (29) Conse- quentemente, a confirmação laboratorial é a ferramenta crucial para guiar a tera- pêutica racional das faringoamigdalites, conduzindo ao uso de antibiótico quando de fato necessário, ao mesmo tempo que reduz os inconvenientes do uso desneces- sário de antimicrobianos. Para viabilizar a confirmação, os recursos laboratoriais mais utilizados no diagnóstico da faringoamig- dalite estreptocócica são o teste rápido de antígeno e a cultura de swab de orofaringe. O teste rápido de antígeno estreptocóci- co tem a vantagem de ser simples e ágil, per- mitindo seu uso no local do atendimento. É particularmente útil quando as evidências clínicas apontam para maior probabilidade de etiologia bacteriana (presença de febre alta, placas amigdalianas e linfonodomega- lias, e ausência de tosse, espirro e coriza). Neste cenário, o teste rápido antigênico po- sitivo confirma o diagnóstico, dispensando
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