Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024

77 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.65-82, mai-ago 2024 Estado Atual do Tratamento do Câncer Colorretal Pedro Basilio será preciso com relação ao grau de invasão na parede retal. Essa informação determi- na, ou não, se este tratamento é satisfatório para ser considerado curativo. Nesse sentido, para a ratificação de um procedimento curativo é necessário obser- var no estudo anatomopatológico vários aspectos, como a ausência de baixa diferen- ciação, de invasão linfática ou vascular, de depósitos tumorais ou invasão submucosa profunda. Tais características, quando presentes, demonstram um elevado risco de metástase linfonodal regional ou mesmo de recidiva local. Esta abordagem oferece aos pacientes com tumores de bom prognóstico a preser- vação do reto, além de uma ótima qualidade de vida pela preservação da boa função evacuatória. (23) Nos casos emque estas características de mau prognóstico são detectadas, a cirurgia “de resgate” coma excisão total domesorreto deverá ser realizada o quanto antes. Os tumores do terço superior do reto, ou acima da reflexão peritoneal, também conhecidos como intraperitoneais, não têm seu resultado oncológico melhor com uso de neoadjuvância, estando esta proscrita nestas situações. Neoadjuvância em Tumores do Reto A neoadjuvância tem como objetivo re- duzir as dimensões tumorais, colaborando para uma ressecção R0 do tumor, reduzindo assim a incidência de recidiva local (RL). Uma metanálise de 2019 avaliou 5 es- tudos com 3.381 pacientes submetidos a cirurgia para câncer retal sem quimiote- rapia neoadjuvante ou terapia de radiação. Este estudo constatou que, apesar das taxas semelhantes de T3/4 e linfonodos positi- vos, os tumores de reto proximal estavam associados a menor risco de RL quando comparados aos do terço médio e inferior. (24) A radioterapia de curto prazo ( short course RT) também foi confrontada com a cirurgia imediata (cirurgia up-front ), e as taxas de recidiva não mostraram diferença estatisticamente significativa para tumores do terço proximal. (25) O estudo PROSPECT publicado recente- mente não focou exclusivamente pacientes com câncer retal superior, mas apresentou um paradigma de tratamento alternativo que merece mais estudos e pode ser poten- cialmente extrapolado para essa população de pacientes. Trata-se de um estudo randomizado multicêntrico e de não inferioridade de 1.194 pacientes. Todos os pacientes tinham câncer retal T2 com linfonodos positivos (Ec III), T3 negativos para linfonodos, ou T3 com linfonodos positivos, nos quais optou-se por quimioterapia neoadjuvan- te, seguida de cirurgia preservadora de esfíncter como a abordagem correta. Vale ressaltar que pacientes com tumores T4, linfonodos commais de 10mm no eixo curto ou tumores com menos de 3mm da mar- gemmesorretal na ressonância magnética foram excluídos.

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