Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024

73 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.65-82, mai-ago 2024 Estado Atual do Tratamento do Câncer Colorretal Pedro Basilio sobrevida e menor recidiva dos pacientes tratados com neoadjuvância, desde que estadiados no pré-operatório como T4b, ou seja, que invadiam órgãos adjacentes. Estes achados foram confirmados pelo estudo NeoCol apresentado em 2023 na ASCO meeting, conduzido por pesquisa- dores escandinavos. (17) Entre 10% e 15% dos pacientes com tumores colorretais não metastáticos são portadores de deficiência de enzimas de reparo do DNA, e nestes pacientes a eficá- cia da quimioterapia é limitada. O estudo NICHE-2 mostrou uma resposta surpreen- dentemente eficaz neste subgrupo de in- divíduos. Foi utilizado um protocolo de tratamento neoadjuvante com nivolumab e ipilimumab que demonstrou um per- centual de resposta de 98%, sendo que em 68% destes pacientes a resposta patológica completa foi alcançada. Após 26 meses de acompanhamento não houve recidiva em nenhum dos casos e a tolerância ao trata- mento foi excelente. (9) Outro estudo bastante promissor, vol- tado para estes pacientes com deficiência das enzimas de reparo do DNA e com alta incidência de instabilidade de microssaté- lites (dMMR/MSI-H), foi o AZUR-2 trial apresentado no Congresso da ASCO 2024, comparando o tratamento de adenocarci- nomas de cólon T4 N0 estágio clínico III, usando o imunoterápico Dostarlimabe pré e pós-operatório com o tratamento conven- cional com cirurgia seguida de adjuvância comFOLFOX ou CAPOX. (18) O estudo ainda não tem resultados definitivos, porém a atualização do grupo do Memorial Sloan Ketering Cancer Center relatou resultados sem precedência de 100% de resposta com- pleta dos primeiros 24 pacientes recrutados após 2 anos de follow-up . Nesse sentido, diferentes regimes de imunoterapia estão atualmente sendo es- tudados, para emprego em pacientes sem deficiência de enzimas de reparo, aparen- temente com resultados promissores sendo aguardados. A radioterapia neoadjuvante raramente está indicada nos tumores de cólon, exceto em tumores avançados que invadem a pa- rede abdominal ou órgãos adjacentes (T4), nos quais pode haver regressão tumoral e maior taxa de ressecção R0 (sem margens comprometidas) com ganho de sobrevida. (19) CIRURGIA DE EMERGÊNCIA EM CÂNCER DE CÓLON Cerca de 20% dos casos de tumor de cólon têm diagnóstico tardio e necessitam de cirurgia de emergência, seja devido a sangramento, perfuração ou obstrução. (20) As prioridades devem seguir a seguinte sequência: evitar as consequências graves (morte, sepse), realizar o melhor tratamento cirúrgico-oncológico possível e, por fim, assegurar o menor tempo de recupera- ção para o início de tratamento adjuvante, quando indicado. Nos casos de obstrução de cólonesquerdo existem algumas opções de procedimentos

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