Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024

66 Estado Atual do Tratamento do Câncer Colorretal Pedro Basilio Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.65-82, mai-ago 2024 PREVENÇÃO E ESTRATÉGIAS DE RASTREAMENTO O câncer colorretal pode ser detectado em seus estágios precoces ou mesmo antes de estar estabelecido mediante exames preventivos e de comportamentos ligados à prevenção primária. Quando o câncer colorretal é encon- trado em um estágio inicial, a taxa de sobrevida em 5 anos é de cerca de 90%. Mas apenas cerca de 4 em cada 10 cânceres colorretais são encontrados neste estágio inicial. Quando o câncer se dissemina além do contexto locorregional do cólon ou reto, as taxas de sobrevivência são muito menores. Um estilo de vida saudável, que se traduz em dieta rica em alimentos naturais sem adições químicas, com restrição à carne vermelha, a embutidos e ao álcool e rica em fibras, associada a atividade física regular ajuda a diminuir a formação de pólipos que originam o CCR. Isto posto, passamos a nos preocupar quando deverá ser iniciado o programa de rastreamento de câncer colorretal para pacientes de risco médio, ou seja, para a população em geral. Temos na literatura evidências robustas de que a busca ativa pelo CCR ou pólipos diminui a mortalidade e incidência do câncer colorretal. (2,3) Até o momento a American Cancer So- ciety (ACS) preconiza o início do rastrea- mento a partir dos 45 anos de idade para homens e mulheres que não tenham fatores No Brasil, país onde 46.000 novos ca- sos de CCR (10% de todos os cânceres) foram diagnosticados no ano de 2023, sendo o segundo mais frequente na Re- gião Sudeste, tanto em homens quanto em mulheres, atenção redobrada por parte da classe médica, de gestores de saúde e de governantes como um todo tem que ser dada em caráter inadiável. (1) No entanto, fatores positivos também suscitam comentários, como o bom re- sultado confirmado em estudos recentes para o tratamento com imunoterapia para tumores com instabilidade de microssa- télites, além das inovações em cirurgia minimamente invasiva como as modali- dades endoluminal e robótica. Os trials também têm sido atualizados, demonstrando melhores resultados com combinações específicas de tratamentos multidisciplinares envolvendo quimio, radio e imunoterápicos, antes e após as cirurgias, ou até mesmo postergando-as de forma indefinida quando o tumor regride totalmente com o tratamento clínico on- cológico, uma conduta criada a partir dos trabalhos de uma brasileira, a professora Angelita Habr-Gama. Esta conduta foi denominada, para conhecimento global, de watch and wait . (2) Portanto, neste trabalho abordaremos de forma abrangente as atualizações de maior impacto na melhora dos resultados oncoló- gicos e da qualidade de vida dos pacientes portadores deste câncer cuja letalidade ocupa a segunda colocação em nosso país.

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