Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024
49 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.7-64, mai-ago 2024 Testes diagnósticos em doenças infecciosas Fernando S.V. Martins et al. chegada ao detector ( time of flight ) é dife- rente e um gráfico específico é produzido. As identificações são realizadas ao com- parar o espectro de massa do analito com espectros de referência de banco de dados computadorizados. Essa técnica permite diagnósticos microbiológicos complexos em minutos como, por exemplo, a especiação dos estafilococos coagulase negativos ou a definição dos vários sorovariantes da Salmonella enterica. Métodos de avaliação da suscetibilidade aos antimicrobianos O conceito clínico de resistência de uma bactéria a um agente antimicrobiano deriva da observação da resposta à terapêutica. No entanto, a comprovação e a determinação quantitativa da resistência são realizadas in vitro . Deste modo, um microrganismo é considerado sensível ou resistente a um determinado fármaco em função de sua capacidade de desenvolver-se in vitro , em presença de concentração habitualmente obtida pelo fármaco in vivo , na terapêutica das infecções. O teste de sensibilidade aos antimicro- bianos (TSA), ou antibiograma, permite determinar in vitro a suscetibilidade de microrganismos aos fármacos, tornando possível o seu emprego clínico com razoável grau de certeza quanto à resposta terapêu- tica. São utilizados dois métodos básicos para a realização do TSA, o de difusão e o de diluição. A confiabilidade dos TSA convencio- nais depende de fatores que antecedem a sua realização, como a escolha adequada do material representativo da infecção, os cuidados com a coleta e com o transporte das amostras. Depende ainda de variáveis inerentes à realização do teste, como com- posição do meio de cultura, densidade do inóculo, tempo de incubação, concentração dos antibióticos utilizados etc. No Brasil, desde 2018, conforme definição em portaria do Ministério da Saúde (Portaria nº 64, de 11 de dezembro de 2018), os documentos da versão brasileira do European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing (EUCAST / versão BrCAST) passarama ser referência obrigatória para interpretação dos TSA e podem ser consultados gratuitamente online (https://brcast.org.br/documentos/ ). A seleção dos medicamentos a serem empregados nos TSA é determinada pela utilidade na terapêutica das infecções cau- sadas pelo agente a ser testado e o sítio onde o fármaco deverá atuar. É usual a seleção de um antimicrobiano que seja represen- tativo de um grupo commesmo mecanismo de ação e toxicidade, dando-se preferência àqueles que sejammenos deterioráveis com a estocagem. É admissível, no entanto, que se teste um fármaco que não necessariamente será empregado na terapêutica, mas que possa ser útil, na medida em que resulte em possibilidade de avaliação mais confiá- vel da resistência a outro antimicrobiano utilizável no tratamento. Adicionalmente,
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