Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024

42 Testes diagnósticos em doenças infecciosas Fernando S.V. Martins et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.7-64, mai-ago 2024 ou, alternativamente, uma amostra de es- carro induzido. O procedimento tem rele- vância não apenas no diagnóstico inicial, mas também no controle terapêutico. A cultura, mais sensível, será essencial para a exclusão ou confirmação posterior do diagnóstico e permitirá, quando positiva, a realização do TSA. Giemsa Os corantes derivados do Romanowsky (1890), dos quais o Giemsa é um dos mais utilizados, são amplamente empregados na pesquisa de agentes infecciosos, sobretudo nas doenças causadas por protozoários (malária, doença de Chagas, leishmanioses etc.). A situação clínica mais comum de utilização do Giemsa é a investigação de pessoas com suspeita de malária, em razão do significativo número de casos da doença no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, no ano de 2021, foram registrados 139.112 casos autóctones de malária no país, sendo 17% de malária por P. falciparum  (e malária mista), sendo os outros 83% de malária por P. vivax  (e outras espécies). A confirmação (ou a exclusão) labora- torial do diagnóstico de malária deve ser feita por um microscopista experiente, através do exame cuidadoso, de lâminas corretamente preparadas de sangue pe- riférico e adequadamente coradas pelo Giemsa (ou pelo May-Grünwald-Giemsa). A cromatina dos parasitas fica corada em púrpura e o citoplasma, em azul. A distensão de sangue periférico permite a detecção e a identificação da espécie infectante com relativa facilidade. A gota espessa, extensamente utilizada em cam- po, torna possível o exame mais rápido de um volume 3 a 5 vezes maior de sangue, o que resulta uma sensibilidade maior que a distensão na identificação de espécies de Plasmodium . O tempo entre a coleta de sangue e a observação ao microscópio é de cerca de 20 minutos para a distensão e de 1 hora e 20 minutos para a gota espessa. Em pacientes sintomáticos não imunes , em geral a confirmação do diagnóstico pode ser feita sem dificuldades. Nos semi-imunes , a detecção de parasitas, em geral presentes empequeno número, pode tornar necessário um demorado exame da lâmina para que se possa considerá-la como "negativa". A interpretação do Giemsa não pode – como em qualquer tipo de exame labora- torial – ser destituída de crítica. Como em qualquer outro método laboratorial, podem ocorrer erros em razão da realização ina- dequada da técnica ou relacionados ao ob- servador. Durante a realização da técnica, além do pH, que é crítico (entre 6,8 e 7,2), diversos outros fatores podem influenciar a qualidade da coloração (e, portanto, os resultados), como a qualidade da água e do metanol, a limpeza da lâmina utilizada e o tempo de coloração. A pesquisa de Plasmodium spp., quando negativa, não afasta o diagnóstico de ma- lária, e novas lâminas devem ser repetidas com intervalo de 6 e 12 horas ou menores,

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