Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024
36 Testes diagnósticos em doenças infecciosas Fernando S.V. Martins et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.7-64, mai-ago 2024 Em algumas situações, como em casos de sepse, nem sempre é possível confirmar a etiologia rapidamente. A intervenção te- rapêutica preliminar, sempre que possível, deverá ser feita após coleta de amostras para diagnóstico microbiológico, e será baseada nos critérios clínicos, epidemio- lógicos e laboratoriais disponíveis, para evitar que um retardo coloque a vida do paciente em risco. Os resultados obtidos dos exames microbiológicos realizados serão fundamentais para o ajuste e seguimento terapêutico posterior. A confirmação ou exclusão do diagnós- tico nos casos que tenham evoluído grave- mente ou para óbito, mesmo sendo feita a posteriori , é fundamental na obtenção de informações que levem a ummaior conhe- cimento clínico da doença. A confirmação etiológica tem ainda grande importância epidemiológica, e deve ser obtida espe- cialmente quando o paciente é oriundo de uma área onde a doença presumida não era antes descrita, pois contribuirá para o planejamento e implementação das medidas de controle pertinentes. Métodos microscópicos Historicamente, a forma mais simples e rápida de demonstrar a presença de um agente infeccioso é através do exame mi- croscópico do material biológico preparado em lâmina. As diferentes morfologias e propriedades tintoriais dos microrganis- mos observadas à microscopia possibilitam frequentemente o reconhecimento preli- minar (Quadro 7), e por vezes até a iden- tificação definitiva, do agente infeccioso. Alguns microrganismos dotados de grande motilidade podem ser visualizados apenas com adição de solução salina ao material original, como o protozoário Tri- chomonas vaginalis em secreção vaginal. Outros, como o fungo Paracoccidioides bra- siliensis , tornam-se mais facilmente visíveis em materiais biológicos (escarro, aspirado ganglionar), quando se promove a lise dos demais constituintes da amostra por subs- tâncias químicas, como a potassa (KOH). Adicionalmente, a visualização de um agente infeccioso pode ser bastante faci- litada através da utilização de recursos de contraste, sendo particularmente difun- didas na rotina microbiológica as técni- cas que utilizam corantes, como o Gram (visualização da maioria das bactérias de importância médica), o Ziehl-Neel- sen (pesquisa de Mycobacterium spp., principalmente) e o Giemsa (pesquisa de protozoários, como Plasmodium spp.) . No caso de microrganismos encapsulados (fungos ou bactérias) pode ser empregada a técnica de coloração negativa , na qual o corante utilizado não impregna o agente infeccioso, mas o material onde ele está . O contraste resultante entre o material (corado) e o microrganismo (não corado) permite a visualização detalhada da morfo- logia do agente infeccioso. Um dos métodos de coloração negativa mais utilizados é o
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