Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024
30 Testes diagnósticos em doenças infecciosas Fernando S.V. Martins et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.7-64, mai-ago 2024 momento de maior destruição microbiana, o que pode até dificultar a recuperação de organismos viáveis. Uma estratégia interes- sante é coletar a amostra tão logo constata- do o progressivo aumento da temperatura corporal (início de episódio febril). Em adultos, são utilizados, geralmen- te, de 15mL a 20mL por amostra coletada (“ set ”), volume que costuma ser dividido em dois frascos (7,5mL a 10mL de sangue por frasco, cada frasco contendo cerca de 40mL a 45mL de meio de cultura). O ideal é que a cada set sejam utilizados um frasco para aeróbios e o outro para anaeróbios, o último com composição específica que facilita a recuperação de microrganismos anaeróbios e aumenta a probabilidade de recuperação antecipada de microrganismos microaerofílicos, inclusive Streptococcus pneumoniae . Contudo, se por limitação técnica eventual o volume total coletado numa determinada amostra for inferior ao preconizado por frasco, o maior volume de sangue deve ser inoculado no frasco aeróbio para que não haja perda na detecção de bacteremias causadas por Pseudomonas aeruginosa , Stenotrophomonas maltophilia ou leveduras, que são aeróbios estritos. O menor volume restante deve ser inoculado no frasco anaeróbio. Quadro 4 Procedimentos para coleta de hemoculturas 1. Preparar todo o material que será utilizado no procedimento e organizá-lo de forma que seja facilmente alcançável. 2. Higienizar as mãos (lavagem com clorexidina detergente ou fricção com álcool gel). 3. Identificar a veia, preferencialmente na prega ulnar ou dorso da mão (áreas com menor colonização da pele). 4. Colocar luvas para reduzir o risco de infecção durante o ato da coleta com os agentes infecciosos transmitidos pelo sangue. 5. Fazer a desinfecção da tampa do frasco de hemocultura com álcool 70%. 6. Realizar a antissepsia local com solução de clorexidina alcoólica 2,0% e aguardar a secagem por 1 minuto. Aplicar o antisséptico com movimentos circulares (de dentro para fora) ou retos unidirecionais. 7. Após a antissepsia, não palpar a área da punção, ainda que em uso de luvas estéreis. 8. A venopuntura é geralmente realizada com seringa (de 20mL em adultos), tomando-se o cuidado de não tocar a agulha, nem a pele limpa. 9. O sangue deve ser injetado rapidamente (em até um minuto) no frasco (ou frascos) de cultura, sem troca de agulha, para evitar acidentes. 10. Descartar seringa e agulha (sem reencapar) em coletor apropriado de paredes rígidas e impermeáveis. Repetir todos os procedimentos para coleta de nova amostra em acesso venoso diferente. Quando utilizadas soluções iodadas para limpeza e antissepsia da pele, retirar o excesso de iodo com álcool para evitar exposição cutânea prolongada e potencial sensibilização.
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