Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 2 - 2024
26 Testes diagnósticos em doenças infecciosas Fernando S.V. Martins et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.2, p.7-64, mai-ago 2024 À medida que os métodos que não de- pendem de cultura se tornam cada vez mais disponíveis como recursos na investigação das doenças infecciosas, novas ferramentas de amplificação de ácidos nucleicos (simples ou múltiplos) passam a ser empregados também na abordagem diagnóstica dos quadros gastrointestinais. Usualmente, os métodos moleculares são mais sensíveis e possibilitam resultados mais rápidos que os de isolamento. (40,41) Acresce ainda que os painéis multiplex, além de aumentarem a positividade de resultados, possibilitam detectar coinfecções. Ainda que sejam promissores, persistem restrições relativas ao alto custo e indefinição quanto à melhor estratégia no emprego rotineiro. Cabe ainda ressaltar que, sobretudo, nos quadros diarreicos persistentes, a investigação diagnóstica deverá incluir métodos de pesquisa de cistos de proto- zoários e de ovos e larvas de helmintos. Neste cenário, devem ser consideradas as técnicas tradicionais de identificação de parasitos em amostra fecal (Faust, Lutz e Baermann-Moraes) e também a pesquisa de antígenos específicos. Coleta de material em áreas que não possuem microbiota residente A princípio, a detecção de bactérias em locais que não possuemmicrobiota residen- te (sangue, tecido celular subcutâneo etc.) deve ser sempre considerada como alerta de gravidade clínica, pois a presença de bactéria nestes locais significa, em geral, um processo infeccioso grave ou poten- cialmente grave. Nessas circunstâncias, as culturas e os testes de sensibilidade aos an- timicrobianos são, como regra, essenciais. A coleta de material deve ser feita obe- decendo a técnica asséptica, com o objetivo de evitar contaminação pela microbiota residente do trajeto, permitindo a inter- pretação correta de um isolamento bac- teriano. Bactérias como o Staphylococcus epidermidis e difteroides fazem parte da microbiota residente habitual da pele e podem ser contaminantes, porém podem também ser causas de infecções graves em pessoas com próteses e em imunodeficien- tes. A obediência estrita à técnica asséptica de coleta de material permite – junto com os dados clínicos e epidemiológicos – a interpretação correta do isolamento em cultura destas bactérias. O Gram é, em geral, essencial para a avaliação inicial de amostras obtidas de locais sem microbiota residente habitual (estéreis), uma vez que permite a presunção etiológica do agente através da análise de características morfotintoriais. Em razão disto, torna possível o início precoce e racional da terapêutica antibiótica. Além disso, permite ainda uma interpretação mais segura dos resultados de cultura, pela verificação da coerência entre os resultados. Alguns processos infecciosos, em geral abscessos (cerebrais, pélvicos, tubo-ova- rianos, hepáticos, peritoneais, subfrênicos etc.) têm a participação importante (cerca
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