Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024
12 Importância do Microbioma Intestinal em Gastroenterologia Maria do Carmo Friche Passos Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.7-18, jan-abr 2024 grupo que recebeu a substância ativa. (17) Pimentel e colaboradores demonstraram que um tratamento único com rifaximina durante uma semana pode melhorar os sin- tomas da SII em 46% a 90%dos pacientes. (18) Dois estudos relataram melhora sig- nificativa da dor e distensão abdominal com o emprego de probióticos contendo Bifidobacterium infantis 35624. Foi tam- bém observado que a suplementação com algumas cepas de Lactobacilos associa-se com diminuição de sintomas relacionados à produção de gases em pacientes com SII. (8) Revisões sistemáticas incluindo estudos controlados e randomizados demonstram que os probióticos são superiores ao place- bo no alívio dos sintomas da síndrome. (20) Poucos trabalhos controlados mostraram a eficácia do transplante de microbiota fecal na SII, mas os resultados iniciais são bastante promissores. (17,18) 3.2. Doenças Inflamatórias Intestinais Tem sido grande o interesse dos pes- quisadores em avaliar uma possível par- ticipação da microbiota intestinal na com- plexa etiopatogenia das DII. (3,5,21) . Estudos iniciais baseados em culturas de material fecal observaram redução significativa da biodiversidade da microbiota intestinal tanto em pacientes com doença de Crohn como naqueles com retocolite ulcerativa. (21-23) Certamente, apenas a alteração da diversidade não determina o aparecimento da DII, sendo indispensável um genótipo suscetível, o que ocorre na presença de mutações específicas. (22,23) Algumas pesquisas comprovaram que a concentração de bactérias na mucosa colô- nica é substancialmente maior em pacientes com DII do que em voluntários saudáveis, e esta concentração aumenta também de acordo com a gravidade da doença. (22) Tem sido observada uma redução dos filos Bac- teroidetes e Firmicutes e aumento concomi- tante de Proteobacterias e Actinobacterias . Destaca-se ainda uma tendência para o excesso de organismos pró-inflamatórios com concomitante depleção de organismos com propriedades anti-inflamatórias, como o Faecalibacterium prausnitzii . (21-23) Foramdescritas mutações do gene NOD2 (proteína intracelular de oligomerização de nucleotídeos) que podem se associar ao apa- recimento da doença de Crohn; variações do gene receptor de interleucina (IL-23) são observadas tanto na doença de Crohn como na retocolite ulcerativa. Verificou-se que a disfunção de NOD2 causa a translocação de bactérias entéricas para a lâmina própria, com alteração da expressão de citocinas. Tais achados observados em animais de experimentação e em pacientes com DII sugerem que a microbiota intestinal, de fato, parece desempenhar importante pa- pel na etiopatogenia da doença de Crohn e retocolite ulcerativa. (21-23) Os probióticos parecem capazes em aliviar os sintomas de parcela de pacientes comDII. (22,24) Alguns autores evidenciaram
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