Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024
44 Pancreatite Aguda - Definição, Patogênese, Classificação, Diagnóstico José Marcus Raso Eulálio et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.28-50, jan-abr 2024 Quadro clínico O sintoma predominante é a dor ab- dominal de início abrupto, contínua, que aumenta de intensidade e dura mais de 24 horas. Pode se apresentar também como dor em barra (50% dos casos) e, de regra, é acompanhada de náusea e vômitos. Ao exame físico pode haver febre (76%), ta- quicardia (65%) e, menos frequentemente, icterícia (28%). Distensão abdominal e ruídos hidroaéreos diminuídos podem ser secundários ao quadro geral de inflamação. Os casos mais severos vêm acompanhados de taquicardia, hipotensão e taquidispneia, resultantes do processo inflamatório sis- têmico. Podem ser encontrados sinais de hemorragia retroperitoneal: sinal de Grey Turner (equimose nos flancos), de Cullen (equimose periumbilical) e de Frey (equi- mose no ligamento inguinal). Exames laboratoriais básicos Os exames laboratoriais mais utilizados para o diagnóstico da pancreatite aguda são as dosagens séricas de amilase e lipase. A amilase eleva-se 6 a 12 horas após o início da dor e tende a retornar a níveis nor- mais em 3 a 5 dias. Aumento acima de três vezes tem sensibilidade e especificidade de 95% para o diagnóstico de pancreatite aguda. (22) A lipase apresenta níveis séricos aumen- tados após 4 a 8 horas do início do quadro, com pico em 24 horas, e tende a retornar a níveis normais em 8 a 14 dias. É um pouco mais específica do que a amilase (96%) e ambas (amilase e lipase) são mais especí- ficas que tomografia e ressonância para o diagnóstico de pancreatite aguda. (22) Outros exames não específicos e geral- mente disponíveis que auxiliam no diag- nóstico e definição de gravidade são: (23) hemograma: a avaliação do hemató- crito é relevante, sendo a sua elevação em 48 horas sinal de mau prognóstico, refletindo o sequestro de líquido para o terceiro espaço; ureia e creatinina: níveis anormalmente elevados nas primeiras 48 horas se asso- ciam comhipovolemia, necrose pancreá- tica e aumento da taxa de mortalidade; bilirrubina, fosfatase alcalina e TGP (ALT): elevação dos seus níveis pode sugerir origem biliar. A concentração de TGP > 150 UI/L tem elevado valor preditivo positivo para o diagnóstico de pancreatite biliar; proteína C-reativa (PC-R): uma das proteínas da fase aguda de inflamação, produzida pelo fígado em resposta ao aumento das interleucinas 1 e 6, tem sido usada como critério de gravidade quando atinge valores de 150 mg/mL a partir de 24 horas de evolução; elevada sensibilidade (80%) para presença de necrose pancreática; cálcio e triglicérides: Hipertrigliceri- demia é uma das etiologias associadas e a hipocalcemia é um dos critérios
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