Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024
43 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.28-50, jan-abr 2024 Pancreatite Aguda - Definição, Patogênese, Classificação, Diagnóstico José Marcus Raso Eulálio et al. Necrose emparedada - são formações oriundas de coleções pós-necróticas após quatro semanas de evolução. Apre- sentam cápsula fibrosa, geralmente mais espessa que aquela encontrada em pseudocistos, também sem epitélio próprio. No interior, o conteúdo pode variar quanto à presença de elementos sólidos e líquidos. Quanto mais tardia, maior a tendência de o conteúdo ser predominantemente líquido. Este, por sua vez, tanto nas áreas intra quanto peripancreáticas, é derivado de tecido necrótico. Quanto maior a área de uma necrose emparedada, menor a chance da mesma se resolver sem alguma interven- ção invasiva, maior o risco de complica- ções, especialmente do desenvolvimento de necrose emparedada infectada. A necrose emparedada se divide em dois tipos: estéril e infectada. (19,20) DIAGNÓSTICO A Classificação de Atlanta revisada de 2012 definiu parâmetros para o diag- nóstico de pancreatite aguda com ênfa- se nos diferentes níveis de informação ou de “diagnósticos” relacionados. Além da caracterização da doença em si que utiliza elementos clínicos, radiológicos e laboratoriais, existe o “diagnóstico de severidade”, o “diagnóstico de necrose pancreática” e o “diagnóstico de necro- se infectada”. Não menos importante é o processo de decisão que segue esses diagnósticos, de forma que quanto mais severa a inf lamação, mais importante será o acompanhamento seriado com cri- térios que possibilitem a implementação de condutas ágeis. (21) Para tal existem inúmeros escores prognósticos em uso que associam achados clínicos, laboratoriais e radiológicos com pesos e pontuações distintos. Os principais são os escores de Ranson, utilizado na avaliação inicial, de Balthazar, utilizado na avaliação de coleções pancreáticas, e o de APACHE II, utilizado no seguimento de pacientes internados em centro de terapia intensiva. Critérios mínimos para diagnóstico A junção de informações de três crité- rios básicos que incluem o quadro clínico, exames laboratoriais e exames de imagem temmaior sensibilidade para o diagnóstico correto da pancreatite aguda. De forma mais simples, a partir de dois dos três cri- térios abaixo em dados objetivos, deve ser iniciado o tratamento adequado: 1. Dor abdominal típica de pancreatite aguda 2. Níveis séricos de amilase ou lipase 3 vezes acima do normal 3. Imagem compatível com pancreatite aguda (US, TC, ...) Na maioria das vezes serão necessários apenas a caracterização da dor associada ao aumento de três vezes ou mais dos ní- veis séricos de amilase ou lipase para o diagnóstico.
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