Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024
38 Pancreatite Aguda - Definição, Patogênese, Classificação, Diagnóstico José Marcus Raso Eulálio et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.28-50, jan-abr 2024 a quebra da barreira intestinal onde o tro- fismo das vilosidades intestinais tem papel fundamental. Proteger a flora e o trofismo da mucosa são objetivos permanentes para evitar ou atrasar o desenvolvimento de in- fecção da necrose pancreática e proteger o paciente da sepse. (12) Para tal é fundamental a caracterização precoce de gravidade da pancreatite e início de medidas corretivas, as quais irão permitir que o paciente receba nutrição enteral que, por sua vez, irá proteger a flora e o trofismo da mucosa intestinal. A necrose peripancreática infectada é considerada menos grave que a necrose pancreática infectada e associada a menor mortalidade. (13) O diagnóstico pode ser feito pela junção de evidências clínicas, laboratoriais e ra- diológicas. Sinais clínicos de infecção ou sepse como febre, taquicardia e hipoten- são podem surgir, somados à leucocitose, desvio de células brancas para a esquerda, aumento de proteína C reativa, aumento de procalcitonina e, na tomografia computa- dorizada do abdome, presença de gás na projeção das coleções necróticas (Figura 8). Em situações onde existe dúvida se uma ocasional piora clínica possa ser secundária à necrose infectada e não haja gás visível na projeção das coleções necróticas pode ser feita punção da coleção guiada por tomografia com análise bacteriológica da secreção e drenagem percutânea da mesma se houver infecção (Figura 9). A descontinuidade do ducto pancreático principal com rotura parcial ou completa associada à necrose predispõe à infecção devido ao fato de haver fístula pancreática alimentando as coleções necróticas. A rotu- ra completa do ducto pancreático com perda do eixo do mesmo e formação de coleção secundária à fístula da extremidade distal que não se comunica com a extremidade proximal do ducto, configura a “síndrome de desconexão”. (14) Nesses casos a infec- ção da necrose tende a persistir devido à formação de sucessivas coleções em áreas sem contato com a extremidade proximal do ducto pancreático rompido. A conjunção de estratégias terapêuticas de drenagem pelas vias percutânea, transgástrica endoscópica, transpapilar e cirúrgica, além de casos em que existe necessidade de ressecção do parênquima distal desconectado, poderá sanear, caso a caso, as múltiplas e comple- xas coleções associadas com a síndrome de desconexão pancreática. (14) Figura 8 Presença de gás na topografia da necrose pancreática indicativa de infecção (seta vermelha).
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