Publicação científica trimestral do CREMERJ - volume 3 - número 1 - 2024

26 O Mesentério e a Mesenterite Marta Carvalho Galvão Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.3, n.1, p.19-27, jan-abr 2024 Figura 9 O.B,70 a. Infiltração da gordura mesentérica (aumento da densidade) com pseudocápsula e efeito de massa sobre estruturas vizinhas (rechaço de vasos e alças delgadas). Alguns artigos recentes sugerem que a mesenterite possa se tratar de síndrome paraneoplásica ou mesmo um epifenômeno, visto que os pacientes portadores de tumores são os mais propensos a realizar tomografia do abdome, podendo ser a mesenterite um achado incidental. Como os dados da lite- ratura não são muito consistentes, havendo discrepância de achados entre os autores, é prudente lembrar que a mesenterite pode ser um indicador precoce preditivo de neo- plasia oculta ao exame clínico e por imagem, e negligenciar este achado pode postergar o diagnóstico de uma neoplasia tratável. Por outro lado, não há consenso de que follow-up esteja justificado em assintomáti- cos, podendo desencadear excessiva ansie- dade nos pacientes, gerando uma síndrome que hoje denominamos de “scanxiety”. O que instiga o radiologista é a possi- bilidade de a mesenterite ser prenúncio de uma neoplasia ou de uma entidade que mereça tratamento específico. Estas discrepâncias de opiniões nos fazem crer que estamos ainda diante de uma entidade não muito bem esclarecida, embora substancial aprendizado em relação ao mesentério tenha sido adquirido nas últimas décadas. Finalizando, esta entidade continua sen- do um desafio quanto ao seu diagnóstico, causas, associações a outras enfermidades benignas ou malignas, tratamento. Não há ainda consenso quanto ao tempo necessário de follow-up em pacientes assintomáticos sem alteração do padrão tomográfico.

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