
PARECER CFM Nº 31/2010
INTERESSADO: Conselho Brasileiro de Oftalmologia
ASSUNTO: Exame de campimetria
RELATOR: Dr. Paulo Augusto de Arruda Mello
EMENTA: A campimetria é uma avaliação do campo visual central e periférico, cuja interpretação dos resultados e responsabilidade é exclusiva do médico. Pode ser realizado por auxiliar devidamente capacitado, sob supervisão médica.
DA CONSULTA
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia encaminhou a este Conselho Federal solicitação de parecer sobre a quem compete legalmente a realização do exame de campimetria. Questiona se deve ser realizado somente pelo médico, ou por enfermeiro, técnico ou auxiliar de enfermagem. Questiona, também, se caso o médico não seja o realizador do exame, que fundamentação prática e teórica deve ter o profissional que o realizará.
PARTE EXPOSITIVA
O campo visual é um exame que estuda a percepção visual central e periférica. Quando o médico oftalmologista mede a visão de longe e de perto, está observando apenas a acuidade visual central. A percepção periférica no ser humano é em torno de 180 graus, considerando-se a visão com os dois olhos. A avaliação clínica do campo visual é executada de forma monocular, fato que reduz para 160 graus o campo de visão.
Em muitas doenças esta visão espacial é reduzida e a única maneira de detectar esta perda seria estudando o campo de visão.
É um teste psicofísico que pode variar de um dia para outro, dependendo da capacidade de colaboração do paciente. A falta de concentração no exame, por exemplo, motivada por cansaço, pode falsear o resultado.
Atualmente, utilizamos na campimetria testes que podem ser de confrontação, manual e computadorizado.
A campimetria de confrontação é uma avaliação grosseira do campo visual, mas de grande valia em algumas doenças que provocam hemianopsias (perda de metade de um campo visual), como nos acidentes vasculares cerebrais (AVC) e tumores hipofisários.
O método é dito de confrontação, pois se confrontam o campo visual do médico e do paciente. Assim, o médico se posiciona na frente do paciente, de preferência sentado, com os olhos na mesma direção dos dele. Enquanto o paciente oclui o olho esquerdo, o médico fecha o olho direito e faz a confrontação do seu campo visual esquerdo com o campo visual direito do paciente. Bastará, então, apresentar dedos nos diferentes quadrantes (na distância de leitura para perto) e a meia distância entre os seus olhos e os dele. Quando do exame de crianças, a presença de um objeto no limiar do campo visual despertará a atenção para aquele lado, indicando a presença de visão naquele quadrante.
A campimetria manual é um exame mais detalhado do campo visual, requerendo, para sua execução, um perimetrista atento e bem treinado. Permite detalhado exame do campo visual periférico, o que pode não ser possível com os aparelhos computadorizados. É muito dependente da experiência do técnico, contudo mais adequado em pacientes com grande perda da acuidade visual, pacientes idosos ou debilitados e crianças. Está indicado nos casos de glaucoma, retinopatias e doenças do sistema nervoso central.
Por sua vez, a campimetria computadorizada é um exame útil e o mais empregado na prática clínica oftalmológica, incorporando avanços que aumentam a praticidade de sua realização, bem como sua confiabilidade. Atualmente, é utilizado para várias doenças oculares e neurológicas. Suas principais vantagens são: teste do campo visual pelo método estático (diferentes intensidades luminosas em um mesmo ponto), ao invés do modo cinético, habitualmente utilizado na campimetria manual; redução da subjetividade do examinador; monitorização constante da fixação; capacidade de reteste automático de pontos anormais; múltiplas estratégias de teste, de acordo com a necessidade do examinador.
Os equipamentos apresentam índices de confiabilidade que garantem a qualidade do exame, como perdas de fixação, respostas falso-positivas, respostas falso-negativas, tempo de duração do teste e o short-term fluctuation.
Em todos os tipos de campimetria o paciente deve receber orientações sobre a técnica do exame e como proceder. O ambiente deve ser apropriado para possibilitar a maior atenção possível durante o exame.
Auxiliares de médicos são técnicos que auxiliam na assistência ao paciente, trabalhando sob orientação médica. Realizam exames que serão laudados e interpretados por médicos.
CONCLUSÃO
A campimetria é uma avaliação psicofísica do campo visual central e periférico do paciente, indispensável em várias patologias oculares e neurológicas. A interpretação dos seus resultados cabe exclusivamente ao médico.
A realização da campimetria de confrontação exige conhecimento médico e, portanto, deve ser realizada por esse profissional.
A campimetria manual pode ser realizada por médicos ou por auxiliares de médicos, com experiência e sob supervisão médica.
A campimetria computadorizada, realizada em equipamentos que apresentam ao médico índices de confiabilidade para a sua interpretação, pode ser feita por médicos e o aparelho pode ser operado por auxiliares de médicos e por outros profissionais treinados por oftalmologistas. Os profissionais devem ser treinados para o apropriado manuseio do equipamento, capacitados para orientar o paciente sobre a técnica do exame, saber analisar o comportamento do paciente no exame e ter conhecimento da relação profissional-paciente. Devem também ter noções das condições de higiene do equipamento.
A responsabilidade do exame é totalmente do médico.
Este é o parecer, SMJ.
Salvador-BA, 29 de setembro de 2010
Paulo Augusto de Arruda Mello
Relator
Membro da Câmara Técnica de Oftalmologia do CFM
José Fernando Maia Vinagre
Coordenador da Câmara Técnica de Oftalmologia do CFM
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