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PROCESSO-CONSULTA CFM nº 14/14 – PARECER CFM nº 9/14
INTERESSADO:
Sr. A.C.M.M.
ASSUNTO: Escleroterapia em espuma/Estenose uretral
RELATOR: Cons. Lúcio Flávio Gonzaga Silva
EMENTA: A escleroterapia em espuma não é procedimento reconhecido pelas sociedades especializadas para o tratamento da estenose de uretra bulbar.

DA CONSULTA
A consulta foi enviada ao CFM nos seguintes termos: “O meu angiologista recomendou esse procedimento por ser menos invasivo do que se eu fosse submetido à cirurgia. No momento me encontro em cistostomia devido a uma estenose bulbar de uretra. O meu convênio só libera esse procedimento se for aprovado pelo CFM”.

DOS FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS
A uretra masculina pode ser classificada em duas divisões anatômicas: a uretra posterior (porções prostática e membranosa) e a uretra anterior (porções bulbar, pendular ou peniana, navicular e meatal).

Todo processo que causa dano ao epitélio ou ao corpo esponjoso que envolve a uretra ao ponto de induzir um processo cicatricial (escara) pode causar estenose uretral. Hoje, as causas mais comuns de estenose uretral são os acidentes de veículo automotor, as perfurações por arma de fogo (PAF) ou arma branca, a “queda a cavaleiro” e as iatrogenias (instrumentação endoscópica diagnóstica ou terapêutica).

O trauma fechado (contuso) é o responsável por 90% das injúrias uretrais. No caso da uretra bulbar, por ser relativamente imóvel, quando há compressão súbita contra o aspecto inferior da sínfise púbica ocorre o dano. Um mecanismo comum é a “queda a cavaleiro” – evento mais observado entre operários da construção civil, quando o paciente cai escanchado sobre superfícies pontiagudas rígidas, injuriando diretamente o bulbo da uretra (uretra bulbar).

Na fase aguda, o melhor tratamento do trauma da uretra bulbar é a derivação urinária suprapúbica (cistostomia). Recanalização luminal espontânea satisfatória ocorre em 50% dos casos de lesões parciais.

Na fase tardia, após estabilizado o dano uretral e o paciente adequadamente recuperado dos traumas associados, o tratamento definitivo pode ser planejado, seguindo uma avaliação radiológica criteriosa.

Estenoses uretrais curtas e pouco firmes são tratadas com uretrotomia interna ou dilatações uretrais. As mais densas e fibróticas requerem reconstrução uretral. Caso estas sejam menores que 1 cm de comprimento, está indicada a uretroplastia anastomótica boca a boca.

As estenoses mais longas da uretra anterior não devem ser reparadas por anastomose boca a boca. Para esses fins, estão indicadas as uretroplastias utilizando enxertos pediculados ou não.

Quase todos os casos de ruptura total da uretra anterior, incluindo a bulbar, requerem uretroplastias anastomóticas ou uretroplastias com enxertos. Um pequeno número, excepcionalmente, pode ser conduzido com uretrotomia interna, embora com resultados duvidosos.

O uso de escleroterapia não faz parte dos guidelines específicos para o tratamento de estenose uretral. Na literatura científica visitada há apenas um relato isolado de tratamento de hemangioma uretral utilizando essa técnica.

As informações contidas neste parecer foram colhidas das diretrizes elaboradas pelo grupo de trauma urológico da European Association of Urology, que as fundamentou nas evidências mais relevantes obtidas das revisões de literatura nos bancos de dados Medline, Cochrane e Embase, publicados entre 2002 e 2012.

DA RESPOSTA AO CONSULENTE
A escleroterapia em espuma para o tratamento de estenose uretral não tem suporte na literatura consultada. Portanto, não é reconhecida como alternativa terapêutica para esse fim, quer pela comunidade científica, quer pelas sociedades especializadas.
Este é o parecer, SMJ.

Brasília-DF, 24 de julho de 2014

LÚCIO FLÁVIO GONZAGA SILVA
Conselheiro relator

REFERÊNCIAS
1.
http://www.uroweb.org/gls/pdf/1406Urological%20Trauma_LR.pdf
2. Kardar A et al. Urethral hemangioma managed with sclerotherapy. Case report.
Scand J Urol Nephrol 1994; 28(4): 435-7.
3. Gomez R et al. Rational and selective management of patients with anterior urethral
stricture disease. Actas urol Esp. 2011; 35 (3): 159-66


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