MANUAL DE PUBLICIDADE E ASSUNTOS MÉDICOS
58 Manua l d e P u b l i c i dad e d e A s s un t os Mé d i cos o seu bem-estar e a saúde. Mas esse princípio tradicional sofre hoje uma série de restrições. Como podemos falar seriamente sobre a responsabilidade moral do médico sem levar em conta a falta de autonomia de sua ação, dependente de forças econômicas e burocráticas? Como podemos discutir uma distribuição eqüi- tativa dos serviços de saúde sem levar em conta que a liberação de recursos e o planejamento de sua distribuição estão fora do alcance do médico? No jornalismo, o direito do público à informação é tradicionalmente o princípio moral dominante. Há alguns meses, conhecida revista americana publicou relatório da Associação Médica America- na que apontava as grandes causas das doenças, nos Estados Unidos. O fumo, que anualmente é responsável por milhões de mortes, foi omitido porque a indústria jornalística tinha naquele produto um de seus maiores anunciantes. O médico não pode mais ater-se somente ao princípio do bem-estar do paciente. Aqueles que estão a serviço da Saúde Pública ou que exercem funções administrativas, estão muito mais com- prometidos com o bem-estar de toda uma comunidade do que com o do indivíduo. Mesmo o médi- co da clínica privada é obrigado, freqüentemente, a colocar o bem-estar da família ou até o bem- estar da nação acima do bem-estar do indivíduo. Do mesmo modo que existem inúmeras ocasiões em que o dever do jornalista para com o público, ávido de informações, deve ser ultrapassado por outros fatores. Assim, o direito do cidadão à privacidade, à reserva ou à manutenção de sua reputação profissional pode ser tão importante quanto o direito do público à informação. A ética jornalística do passado achava que um repórter poderia utilizar todos os meios imagináveis para obter uma boa história. E por que não, se o princípio básico era manter o público informado? Somente uma análise da relação entre o que é bom para o indivíduo, para a família e para a comunida- de, nos dois campos - o do Jornalismo e o da Medicina -, poderá conduzir as duas categorias para um caminho único. Jornalistas e médicos, em face da pressão econômica e burocrática que sofrem, são ví- timas do mesmo processo de desumanização que restringe seus posicionamentos éticos e sua ação. C o n c l u s ã o Esse Manual tem finalidade didática e pedagógica. O nosso objetivo principal não é punir, mas orientar o médico que, na sua grande maioria, quando erra, o faz por falta de conhecimento. A má fé ocorre em raras exceções. Esperamos que a consulta a esse Manual ocorra sempre na hipótese da dúvida. Cabe ao médico, nessa última circunstância, recorrer ao seu Conselho de Ética. O que o médico não pode anunciar . o exercício de mais de duas especialidades; . dar e anunciar consultas por meio de correspondências ou pela imprensa; . especialidade ainda não admitida pelo ensino médico ou que não tenha a sanção das sociedades médicas;
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