MANUAL DE PUBLICIDADE E ASSUNTOS MÉDICOS
Manua l d e P u b l i c i dad e d e A s s un t os Mé d i cos 53 A M e d i c i n a e a I m p r e n s a No que se refere ao papel da Imprensa na divulgação de fatos médicos, toma-se necessário saber qual o seu limite ético e se é justo levantar-se limites dessa ordem. Entendemos que toda atividade humana está sujeita a ter uma conduta balizada por princípios éticos, exigidos e consagrados pela sociedade em que se vive. Entendemos também que, ao se reclamar da imprensa determinados princípios éticos, o que se quer não é aparelhar a divulgação do fato, mas que ela seja tão sincera e imparcial que as coisas sejam colocadas em seus devidos lugares: no interesse do conjunto da sociedade e no respeito à dignidade de cada um. Não se pode aceitar a chamada “ética de resultados”, onde o que se procura é o ganho imediato, oportu- nisticamente, apenas para marcar “furos”. Infelizmente, esta tem sido a prática de grande parte da Imprensa, notadamente, quando divulga feitos ou fatos médicos. Veja-se, por exemplo, a ênfase que se tem dado aos propalados “erros médicos”, deixando-se de lado significativos lances das conquistas científicas e tecnológicas, a ponto de se perguntar: o que se espera atingir com essas notícias? Quem determina o que deve ser veiculado e com que finalidade? Quantas “verdades” existem sobre um determinado fato e a quem a imprensa serve? Estas e outras indagações são colocadas por Hilário Lourenço de Freitas Júnior (Algumas ques- tões sobre o relacionamento da imprensa com a Medicina. In: Anais do III Congresso Brasileiro de Ética Médica , Manaus, 1992), quando acrescenta que a Medicina também tem se mostrado muito relutante à idéia de compartilhar com a Sociedade, a hegemonia do saber médico, deixando a Imprensa, sem poder informar. E mais: ambas, a Medicina e a Imprensa, têm contas a acertar com o cidadão. Ambos têm um débito para com a verdade e um compromisso maior com a ética universal e com a moral das populações humanas de todo o mundo. Assim, se a medicina comporta críticas ao seu hermetismo nem sempre bem justificadas pelo segredo profissional e, ao seu corporativismo aparentemente exagerado, cabe à Imprensa reparo como a imensa concentração de poderes dos empresários da notícia, a sua subserviência ao po- der político e econômico, a sua atenção deliberada ao sensacionalismo, à invasão da privacidade do cidadão e a manifesta intolerância às mudanças sociais. Finalmente, nessa relação deve ficar claro que ao médico é oportuno repensar seu ato profissional como perspectiva de ato político, capaz de enfrentar as condições mais adversas no seu mister. E à Imprensa, o compromisso de informar com imparcialidade e correção, transformada num instru- mento não só de formação de opinião pública, mas num meio efetivo de ajudar as coletividades, principalmente as mais desarrimadas, na conquista dos seus direitos mais inalienáveis. O R e l a c i o n a m e n t o c o m a I m p r e n s a Indiscutivelmente, qualquer fato ligado à responsabilidade do profissional médico enseja forte re- percussão na sociedade e, por conseguinte, interesse jornalístico incomensurável. Seguem abaixo, algumas informações que poderão ser úteis: Receba a imprensa O médico não deve jamais deixar de atender a imprensa. É fundamental que o médico possa
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2