PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Portaria SAS/MS n o 377, de 10 de novembro de 2009. Espasticidade 1 M ETODOLOGIA DE BUSCA DA LITERATURA Na base de dados Medline/Pubmed (acesso em 29 de julho de 2009), utilizando-se as expressões “Botulinum Toxin Type A”[Mesh] AND “Muscle Spasticity”[Mesh] e restringindo-se a ensaios clínicos randomizados (ECRs), revisões e metanálises publicados nos últimos 5 anos, nas línguas inglesa ou espanhola, foram identificados 51 artigos. Destes, foram selecionados para elaboração deste protocolo as revisões sistemáticas e 22 ECRs nos quais os desfechos clínicos foram relevantes. Foram excluídos artigos não indexados. 2 I NTRODUÇÃO Espasticidade é um distúrbio motor caracterizado pelo aumento do tônus muscular, dependente da velocidade, associado à exacerbação do reflexo miotático 1 . As principais causas de espasticidade são acidente vascular cerebral, traumatismo cranioencefálico e traumatismo raquimedular em adultos e paralisia cerebral em crianças. Está associada com redução da capacidade funcional, limitação da amplitude do movimento articular, desencadeamento de dor, aumento do gasto energético metabólico e prejuízo nas tarefas diárias, como alimentação, locomoção, transferências (mobilidade) e cuidados de higiene. Pode causar contraturas, rigidez, luxações e deformidades articulares. Por outro lado, o aumento do tônus muscular pode contribuir para estabilização articular, melhora postural, facilitação das trocas de decúbito e transferências. Portanto, é uma situação clínica a ser modulada e não completamente eliminada 2,3 . Condição clínica multicausal, parte da síndrome do neurônio motor superior, a espasticidade acomete milhões de pessoas em todo o mundo. Incidência e prevalência apresentam taxas variadas e estão intimamente relacionadas com as doenças correspondentes. Não há dados epidemiológicos oficiais no Brasil. Na Tabela 1, estão apresentados os dados da literatura internacional 1 . Tabela 1 - Epidemiologia da Espasticidade Doença Prevalência Espasticidade na doença (%) Traumatismo cranioencefálico (moderado a grave) 1 - 2 : 1.000 habitantes 13 - 20 Acidente vascular cerebral 2 - 3 : 100 habitantes 20 - 30 Traumatismo raquimedular 27 : 100.000 habitantes 60 - 78 Paralisia cerebral 2 : 1.000 nascidos vivos 70 - 80 O médico deve conhecer os princípios da reabilitação, pois o manejo da espasticidade é multifatorial. Pode requerer tratamentos medicamentosos (quimiodenervação fenólica, baclofeno intratecal), não medicamentosos (manobras de manutenção da amplitude do movimento articular, treino funcional, órteses de posicionamento, afastamento de fatores de exacerbação – vestuário inadequado, frio, posicionamento corporal inadequado) ou cirúrgicos (alongamentos musculotendinosos, tenotomias, Consultores: Fábio Coelho Guarany, Antônio Cardoso dos Santos, Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros Amaral Editores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame Os autores declararam ausência de conflito de interesses. 291
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