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Manual da SBP orienta como introduzir atividades físicas na rotina das crianças e adolescentes

21/08/2017

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou em 27 de julho um guia com orientações para pais e responsáveis com foco no estímulo à prática de atividades físicas por crianças e adolescentes. O texto lista diretrizes segundo as diferentes faixas etárias da população pediátrica e também alerta os médicos sobre a importância de também cuidarem de sua saúde e bem-estar, com o apoio do esporte e outras práticas. Ainda são feitas recomendações às escolas para que repensem o modelo de aula tradicional, onde os alunos ficam sentados na maior parte do tempo. Nas aulas de educação física, os pediatras recomendam que os escolares fiquem ativos pelo menos 50% do tempo total da aula.

O lançamento do Manual foi abordado pela presidente da SBP, dra Luciana Rodrigues Silva, em vídeo mensagem enviada aos pediatras brasileiros por ocasião de sua data comemorativa (27 de julho). Para ela, o pediatra deve ser um agente ativo no cuidado com a saúde de seus pacientes, inclusive no que se refere às atividades físicas, e também deve dar exemplo: “Precisamos estar atentos às necessidades de nosso corpo e de nossa mente, praticando as atividades físicas para podermos, também, defender a valorização da nossa especialidade, além de cuidar daqueles que precisam de nossa atenção”, destacou.

O Manual sugere ainda ações a serem adotadas como políticas públicas, como incluir o pediatra nas Unidades de Saúde da Família para que possam trabalhar ações de prevenção de morbidades relacionadas à obesidade e inatividade física de forma interdisciplinar com outros profissionais de saúde; incluir professores de educação física em todas as escolas, inclusive desde as séries iniciais do ensino fundamental; proporcionar espaço físico adequado para a realização de atividades físicas nas escolas e a instalação de bicicletários no entorno das escolas, parques e praias. 

Para a presidente da SBP, trata-se de um tema urgente, que exigiu dos pediatras uma ação proativa. “A obesidade na infância e na adolescência é um problema mundial que acarreta custos elevados aos sistemas de saúde. Jovens obesos apresentam maiores probabilidades de desenvolverem fatores de risco que podem causar doenças como diabetes, hipertensão, depressão, alterações ortopédicas e articulares, por exemplo”, disse ela, que considerou o lançamento do Manual um presente para os profissionais e a população no Dia do Pediatra.

Recomendações - De acordo com o Manual de Atividades Físicas da SBP, crianças de zero a dois anos devem ser incentivadas a serem ativas, mesmo por curtos períodos, várias vezes ao dia. As que conseguem andar sozinhas devem ser estimuladas fisicamente durante pelo menos 180 minutos, em ações que podem ser fracionadas ao longo de cada período. Vale fazê-los ficar em pé movendo-se, rolando, brincando, saltando, pulando ou correndo.

Para os pediatras, mesmo bebês que ainda não começaram a se arrastar devem ser incitados nos ambientes que frequentam. Para tanto, os pais e responsáveis podem estimulá-los a alcançar objetos, procurando levar os bebês a segurar, puxar, empurrar e mover a cabeça, corpo e membros. Os especialistas alertam para o risco de deixar as crianças de até dois em frente a telas de TV, tablets, celular e jogos eletrônicos, o que não deve ocorrer em momento algum.

Há também recomendações para outras faixas de idade: de três a cinco anos, a criança deve acumular pelos menos 180 minutos de atividades físicas de qualquer intensidade distribuídas ao longo do dia, incluindo atividades que desenvolvam a coordenação motora. Brincadeiras na água, andar de bicicleta e jogos de perseguição, com bola e bicicletas são adequadas ao grupo. Na avaliação dos especialistas, o tempo gasto em frente aos monitores precisam ser limitados a duas horas diárias para evitar o comportamento sedentário.

As crianças e adolescentes de seis a 19 anos de idade devem acumular pelo menos 60 minutos diários de atividades físicas e intensidade moderada a vigorosa (com respiração acelerada e batimento cardíaco mais rápido). Segundo o Manual da SBP, as atividades intensas que ajudam no fortalecimento e desenvolvimento de músculos e ossos devem ser feitas pelo menos três vezes por semana. O tempo de tela sugerido para esta faixa etária também são de duas horas, excluídas, entretanto, as horas gastas para a realização de tarefas escolares no computador.

Alertas - Mesmo com os riscos citados pela presidente da SBP, no Brasil, segundo Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 65,6% dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental não acumularam 300 minutos de atividades físicas na semana, quando o ideal seriam 420 minutos, sendo 60 minutos diários.

Em março desse ano, o Brasil assumiu com as Nações Unidas o compromisso de combater à obesidade infantil. Isso ocorreu depois de alerta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) de que mais da metade da população brasileira está com sobrepeso, inclusive entre as crianças e adolescentes. Estima-se que 7,3% das crianças menores de cinco anos estão acima do peso.

Neste contexto, o Manual de Atividades Físicas da SBP ganha um papel de destaque no processo de enfrentamento desse problema de saúde pública. A expectativa é de que ao sensibilizar e atualizar os pediatras sobre o tema, seja proporcionado um ambiente propício ao combate e à prevenção da obesidade e às doenças causadas pelo excesso de peso.

“O pediatra tem papel fundamental no processo de incentivar crianças e adolescentes a praticarem exercícios físicos, porque é o profissional que acompanha sempre a criança e está em contato direto com os pais do paciente”, disse o coordenador do GT, dr Ricardo do Rêgo Barros, ao lembrar que pais ativos têm filhos mais ativos, ou seja, a partir dos exemplos dentro de casa, se pode moldar comportamentos e atitudes positivas no futuro.

Cuidados - O documento da SBP recomenda, entretanto, cautela dos pais para que não forcem os filhos a praticarem atividades físicas, a fim de evitar a frustração e aversão aos exercícios nas fases subseqüentes da vida. Os pediatras recomendam, ainda, que exercícios mais intensos como musculação sejam sempre realizados com o acompanhamento de um profissional, pois a prática regular de atividades de intensidade moderada a vigorosa pode contribuir para aumentar os níveis circulantes do hormônio do crescimento (GH) e o fator estimulante do hormônio do crescimento (IGF1). Sem esse suporte, avisam os especialistas, esses mesmos exercícios feitos de forma extenuantes podem reduzir o ganho de altura, pela inibição do eixo GH/IGF-1.

Crianças saudáveis, a princípio, não precisam de avaliação cardíaca para começar as atividades, mas alguns sintomas constatados tornam necessária a avaliação cardiológica pediátrica como: Dor torácica ao esforço físico; Dispneia ou fadiga excessiva ao esforço físico; Elevação da pressão arterial; Cardiopatia congênita prévia; Distúrbios do ritmo cardíaco; Incapacidade ou morte prematura de parentes de primeiro grau antes do s50 anos de idade devido a doença cardíaca.

O Manual foi elaborado pelo Grupo de Trabalho de Atividade Física da SBP, coordenado por Ricardo do Rêgo Barros e pela presidente da entidade, Luciana Rodrigues Silva. Também participaram da iniciativa a dra. Teresa Maria Bianchini de Quadros, Alex Pinheiro Gordia, Jorge Mota, Mauro Virgílio Gomes de Barros, Isabel Guimarães, Helita Azevedo, Patrícia Guedes, além do Dirceu Solé, diretor dos Departamentos Científicos da SBP.

Fonte: SBP