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Na Mídia - Artigo: Denúncia de caos - Hospitais federais estão abandonados

O Globo Online /

11/11/2019


O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) tem tido conhecimento das enormes dificuldades que os hospitais federais têm passado no Rio de Janeiro. Soubemos da falta de quimioterápicos nos hospitais da rede federal, especialmente no Hospital Federal do Andaraí, no Hospital Federal dos Servidores do Estado e no Hospital Federal de Bonsucesso, onde o atendimento precisou ser interrompido. O Hospital Federal do Andaraí encontra-se sob interdição ética, no seu serviço de emergência, que é um dos mais importantes da cidade. Isso, devido à falta de recursos humanos e alguns materiais essenciais para o atendimento à população. Apesar de esta interdição já ter alguns meses (foi implantada pelo Cremerj, no dia 3 de junho), nenhuma medida foi tomada de modo a que pudéssemos proceder à desinterdição.

O Hospital Federal dos Servidores do Estado, por exemplo, que sempre foi referência na rede, precisou cancelar algumas cirurgias por falta de materiais básicos como luvas, compressas e gazes. Inadmissível! O Cremerj questiona os representantes do Ministério da Saúde e o próprio ministro o motivo do abandono da rede federal. Médicos têm nos procurado, diuturnamente, contando as dificuldades. São vários casos. Os mais absurdos possíveis. E o Conselho não pode se omitir. Damos apoio, denunciamos e cobramos providências para garantir o reabastecimento, inclusive de recursos humanos. Vários profissionais se aposentaram, e não houve reposição.


A saúde pública merece maior atenção das autoridades. Os hospitais da rede federal são unidades terciárias e quaternárias, voltadas para casos de alta complexidade. São eles que atendem em torno de 70% a 80%. Os hospitais universitários e os institutos ficam com 20% a 30%. Interrompendo o funcionamento dos federais, dessa forma, 70% dos que são assistidos, regularmente, deixaram de sê-los. Não nos referimos aos que não foram atendidos! Por exemplo, de cem pacientes assistidos em alta complexidade, 70 são pela rede federal. Se os tirarmos de lá ou se estas assistências forem suprimidas, quem já está sendo não será mais atendido. Não falamos de novos pacientes. Não há espaço. Não existe nem onde nem como entrar. A rede universitária e os institutos não conseguem absorver. Existe uma lei federal - 12.732/12, em vigor desde 23/05/2013 - que fala da necessidade da urgência do tratamento para quem tem câncer. Tem que ser atendido em até 60 dias. Isto não é cumprido no Rio. A fila do Sistema de Regulação de Vagas (Sisreg) triplicou seu tamanho nos últimos anos. Devemos considerar que os hospitais universitários têm tido, nas últimas décadas, uma redução de suas verbas, comprometendo a assistência e o ensino médico, o que agrava ainda mais a situação caótica da saúde no estado.

A crise econômica causou a migração de pacientes da rede privada para o Sistema Único de Saúde, tanto que, nos últimos três anos, três milhões de pessoas, que tinham planos de saúde, pararam de pagá-los e migraram para o SUS. Inviabilizando-o. Impossível atendê-los. Falar para a população que isto é possível é uma grande mentira. A realidade é: pessoas estão morrendo. E se isto continuar, outras também morrerão. E de doenças tratáveis e crônicas. É grave a crise!

Aguardamos que o Ministério da Saúde se pronuncie por meio dos seus representantes no Estado do Rio de Janeiro. As soluções têm que ser urgentes.

Sylvio Provenzano é presidente e Flavio Sá Ribeiro é tesoureiro do Cremerj