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Na Mídia - Mãe faz seu próprio parto no chão de hospital da Z. Oeste

O Dia /

11/12/2018


Sem ajuda médica, Paula teve até mesmo que tentar, sozinha, fazer a filhinha chorar

Dalila veio ao mundo no chão do Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. Por falta de médicos e enfermeiros disponíveis, a dona de casa Paula José Gomes, de 30 anos, acompanhada do marido, Carlos de Castro, 60, pariu a própria filha entre as cadeiras da sala de espera da unidade.
O drama da gestante começou por volta das 3h, quando ela passou a ter dores. Em seguida, Charles da Silva, primo de Paula, levou de carro a grávida e o marido para o hospital municipal.
O pai da criança viveu momentos de tensão ao se deparar com a demora no atendimento. "A minha família trabalhou na área de saúde mas eu nunca imaginei que isso fosse acontecer comigo. Perdi a cabeça com os funcionários do hospital que no lugar de darem atenção à minha mulher, estavam mais preocupados em preencher ficha de atendimento", disse Castro, auxiliar de enfermagem aposentado.
"Eu estou bem, a neném também está bem, graças a Deus. Tive a neném no corredor mas está tudo bem com a gente", disse a mãe na enfermaria de obstetrícia, para onde foi levada após o nascimento da filha. Paula ainda tem três filhos menores, de um relacionamento anterior.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a paciente chegou à unidade em trabalho de parto, mas não houve tempo para um atendimento imediato, porque o médico estava atendendo outras gestantes. A secretaria informa que na hora do atendimento tinham quatro obstetras de plantão, além de três pessoas da equipe de acolhimento.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) disse que vai abrir uma sindicância para apurar os fatos ocorridos no hospital.
'Inaceitável', diz vereador
O vereador Paulo Pinheiro (PSOL) classificou o caso de Paula José Gomes como inaceitável. "Temos um modelo de saúde falido, onde se paga muito caro e não há retorno", afirmou o parlamentar, membro titular da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores do Rio.
Para ele, uma hora, período que os familiares da gestante disseram ter esperado atendimento, seria suficiente para acolher e atender Paula. "E mesmo sem médicos, não é possível que o hospital não tenha uma maca, lençol limpo e par de luvas para acolher a mãe com um mínimo de dignidade", reclamou.
Apesar da aparente escassez de médicos e recursos, o Hospital Pedro II recebe da prefeitura cerca de R$ 11 milhões mensais, segundo o vereador. Mesmo assim, usuários reclamam da falta de estrutura. Cerca de 20 leitos foram fechados no último mês. Entre outros problemas, uma maternidade localizada no quinto andar e elevadores quebrados.