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Na Mídia - Hospitais federais do Rio podem perder até 40% dos médicos até o fim do ano

CBN /

30/05/2017


A falta de médicos tem provocado o fechamento de diversos serviços em hospitais federais no Rio. Os mais prejudicados são o Cardoso Fontes, de Bonsucesso e de Andaraí, onde 40% dos médicos têm contratos que vencem no fim deste ano. Com o prejuízo ao serviço de cardiologia nessas unidades, o Instituto Nacional de Cardiologia se torna ainda mais essencial. No entanto, o INC também tem enfrentado problemas semelhantes.

Além da escassez de material e insumos, a constante redução no número de profissionais pode inviabilizar serviços de hospitais federais no Rio. O Conselho Regional de Medicina do estado alerta que, em algumas unidades, o total de médicos temporários chega a 40%. O problema é que todos os contratos serão encerrados até o fim do ano e não há expectativa de concurso público nem de renovação dos contratos. O Hospital Geral de Bonsucesso, por exemplo, está prestes a fechar a emergência por causa do problema. O HGB perdeu 21 médicos desse setor nos útlimos três meses. Enquanto isso, o setor abriga 50 pacientes, o dobro do limite. Já o Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, fechou o ambulatório de cardiologia também por falta de médicos. No Hospital do Andaraí, onde 28 médicos assinaram um pedido de demissão coletiva por falta de condições de trabalho, a enfermaria de cardiologia também fechou. O presidente do Cremerj, Nelson Nahon, afirma que está ocorrendo um desmonte da rede federal do Rio.

'Nós estivemos no Ministério da Saúde conversando com o responsável. Perguntamos se ele iria renovar esses contratos. Ele falou que não, nem fazer novos contratos temporários. Estamos fechando serviços. Existe uma proposta concreta de desmonte dos hospitais federais do Rio de Janeiro.'

O Rio tem seis hospitais e três institutos federais, herança do passado como capital do país. Com os serviços cardiológicos dos hospitais fechados ou reduzidos, o trabalho do Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras, se torna ainda mais importante. Mas o INC também tem seus problemas. A  Defensoria Pública da União desistiu de entrar com uma ação contra o instituto após entender que a unidade não é culpada por não aumentar o número de cirurgias realizadas na unidade. No início deste mês, a Defensoria havia recomendado ao hospital que não reduzisse os procedimentos. Mas, depois de analisar com mais detalhes a situação, o órgão decidiu que vai processar apenas o Ministério da Saúde. A verba enviada pela pasta ao hospital é a mesma há cinco anos: 110 milhões de reais. O defensor público federal Daniel Macedo, que acompanha a crise no Instituto de Cardiologia, diz que, além de não aumentar o orçamento, a União tem enviado os valores 'a conta gotas', o que prejudica o planejamento das atividades hospitalares. Uma ação civil pública deve ser apresentada em até um mês.

'O grande problema mesmo é do Ministério da Saúde. Além de não fazer um aumento do orçamento da unidade, eles vêm liberando os orçamentos a cada mês ou dois meses. Antigamente era semestral. Assim não dá para fazer um planejamento'.

O defensor afirma que as unidades federais estão 'estranguladas' com a falta de concurso público, o último foi há cinco anos. Ele também classificou a gestão das unidades como 'corrupta'. Daniel Macedo criticou a exoneração do médico Andrey Monteiro que, em um ano à frente do INC aumentou em 30% o número de cirurgias, mesmo com dificuldades financeiras. 

Outra questão grave nesse contexto é a chamada judicialização da saúde. O defensor disse que, nos últimos dois anos, houve um aumento de mais de 50% nas ações de pacientes que tem que apelar à Justiça para conseguir atendimento ou cirurgias. A fila de espera para operação nos hospitais federais já chega a 15 mil pacientes nas seis unidades. No total, o Hospital de Bonsucesso conta com oito oncologistas. Cinco deles se aposentaram ou se demitiram. A Defensoria exigiu a contratação de mais três especialistas, mas apenas um foi contratado. No último relatório de gestão, referente a 2015, o Hospital do Andaraí já havia alertado que conta com servidores com alto nível de conhecimento e habilidade, mas com idade avançada. De acordo com o documento de dois anos atrás, 30% do total de servidores já estavam aptos para a aposentadoria. No Cardoso Fontes, o relatório de 2015 também já informava deficiências de pessoal: dos 28 médicos radiologistas solicitados apenas três profissionais foram contratados. Há duas semanas, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que as unidades são "caras e ineficientes". 

O Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde no Rio informou que na rede federal atuam aproximadamente 21 mil servidores de diversas categorias. O DGH também disse que até o fim deste ano está previsto o encerramento do contrato temporário de cerca de 600 deles. O Ministério afirmou ainda que busca garantir a manutenção das atividades, sem prejuízo ao atendimento da população.