Na Mídia - Hospital de Bonsucesso pode fechar emergência, diz Cremerj
O Globo /
28/05/2017
No Andaraí, 28 médicos já pediram exoneração por más condições de trabalho
A emergência do Hospital Federal de Bonsucesso pode fechar em uma semana, se nada for feito, alertou ontem o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremerj), Nelson Nahon. Segundo ele, dos seis hospitais federais do Rio, o Bonsucesso enfrenta a situação mais grave no momento. Levantamento feito pelo Cremerj revela que o orçamento congelado e até a redução de recursos nas unidades federais geraram consequências alarmantes, como a perda de médicos (contratados e estatutários) e a falta de medicamentos e de materiais para exames. Como forma de protesto, 28 médicos do Hospital Federal do Andaraí pediram exoneração dos cargos de chefia na última sexta-feira.
— A situação é de “desmonte”. No Bonsucesso, está faltando
o básico. No Andaraí, a emergência funciona em um espaço improvisado. As obras
da nova emergência não saem do papel. As portas da emergência estão abertas, os
médicos examinam todos os pacientes que chegam, mas só os casos mais graves
estão sendo encaminhados para internação. A luta do Cremerj é contra o fechamento de
qualquer tipo de serviço ou unidade de saúde pública — diz Nahon.
No Andaraí, uma funcionária aposentada, que pediu para não
ser identificada, viu ontem de perto a crise da unidade, ao acompanhar uma
paciente que foi operada no setor de cirurgia plástica reparadora:
— É triste ver o Andaraí morrer. Faltam medicamentos e a
manutenção é precária.
Além disso, de acordo com o presidente do Cremerj, o número de médicos é
cada vez menor nos hospitais federais do Rio:
— Os contratos dos médicos não estão sendo renovados,
concursos públicos não podem ser realizados e muitos médicos estão se
aposentando. Tudo isso reduziu em cerca de 30% o número de profissionais em
serviço. O resultado é uma superlotação de pacientes.