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Na Mídia - Cremerj alerta sobre risco de colapso nos hospitais federais do Rio

Extra /

27/05/2017


RIO - O pedido de exoneração dos cargos de chefia de 28 médicos, de setores do Hospital Federal do Andaraí, na Zona Norte do Rio, feito na tarde desta sexta-feira, ligou o alerta vermelho sobre a crise dos seis hospitais federais do Rio de Janeiro. Segundo levantamento realizado pelo Cremerj (Conselhos Regional de Medicina) revelou que o orçamento congelado ou até a redução de recursos gerou consequências alarmantes, como a perda de médicos, contratados e estatutários, falta de medicamentos e de materiais para exames. De acordo com Nelson Nahon, presidente da entidade, a situação é de "desmonte".

— Se nada for feito, a emergência do Hospital Federal de Bonsucesso pode fechar dentro de uma semana. É a situação mais grave que enfrentamos no momento nos seis hospitais federais do Rio. Está faltando o básico, mas não só lá. No Hospital do Andaraí, a emergência funciona em um espaço improvisado. As obras da nova emergência não saem do papel. As portas da emergência estão abertas, os médicos examinam todos os pacientes que chegam, mas só os casos mais graves estão sendo encaminhados para internação. A luta do Cremerj é contra o fechamento de qualquer tipo de serviço ou de unidade de saúde pública — frisa.

O Globo esteve no Hospital do Andaraí na manhã deste sábado. Em conversa com a reportagem, uma servidora pública aposentada, que pediu para não ser identificada, viu de perto a crise da unidade ao acompanhar uma paciente que foi operada ontem no setor de cirurgia plástica reparadora.

— Faltam medicamentos e a manutenção é precária. É triste ver o Hospital do Andarai morrer. Os profissionais daqui são muito bons — elogia.

Mas o número de médicos é cada vez menor nos hospitais federais do Rio.

— Os contratos dos médicos contratados não estão sendo renovados, concursos públicos não podem ser realizados e muitos médicos estão se aposentando. Tudo isso reduziu em cerca de 30% o número de profissionais em serviço. O resultado é uma superlotação. Enquanto médicos e enfermeiros trabalham sob forte pressão emocional, a população fica desassistida. É um caos — resume Nahon.

Na semana passada, o presidente do Cremerj entregou ao Ministro da Saúde, Ricardo Barros, um dossiê com todas as vistorias realizadas em abril nos seis hospitais federais do Rio, comprovando de forma técnica os problemas da rede.

— Entreguei cópias do resultado da fiscalização que foi feita, que resultou em duzentas páginas. A saúde não pode ser tratada como negócio. Os atendimentos de média e alta complexidade são feitos pelos hospitais federais. Não se pode medir a necessidade de verba de um hospital só pela quantidade de atendimentos, mas também pela complexidade dos casos que atende. Exigimos uma solução imediata — conta.

O Cremerj convocou para esta semana uma reunião com o DGH (Divisão de Gestão Hospitalar) para reinvidicar medidas emergenciais na tentativa de colocar um fim na crise dos hospitasi federais no Rio.

— A situação é gravíssima — afirma Nahon.

Em nota, o Ministério da Saúde esclarece o pedido de exoneração dos médicos no Hospital Federal do Andaraí, assim como a denúncia do Cremerj que há falta de insumos e medicamentos nos seis hospitais federais do Rio.

“O Departamento de Gestão Hospitalar do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro (DGH), que coordena a integração assistencial dos seis hospitais federais, informa que nenhum pedido de entrega de cargo das chefias dos serviços médicos do Hospital Federal do Andaraí (HFA) foi devidamente formalizado. O procedimento exige apresentação de documento individual do servidor público. Cabe destacar que possíveis mudanças nas chefias não comprometerão a assistência à população,uma vez que os médicos manterão seus vínculos com o serviço público federal e continuarão atendendo normalmente. O DGH também informa que o HFA ampliou em 17% as consultas e atendimentos de emergência e em 13% as cirurgias apenas no primeiro trimestre deste ano. O estoque de medicamentos do HFA está abastecido, inclusive de medicamentos oncológicos, que em parte estão sendo substituídos pelo protocolo de tratamento do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O DGH informa ainda que já começou o processo de especialização dessas unidades, com a consultoria do hospital Sírio-Libanês (SP), a fim de qualificar os serviços e tornar mais eficiente o atendimento à população. Este processo implica em uma redefinição dos perfis assistenciais das unidades federais, otimizando os serviços e suprindo carências específicas”.