CREMERJ presta homenagem a médicos
02/03/2018
O CREMERJ e as sociedades de Cardiologia, Pediatria, Anestesiologia, Ginecologia e Obstetrícia e Neurocirurgia prestaram homenagem, na última quinta-feira, 1° de março, a médicos do Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), da Maternidade Mariana Bulhões e do Instituto Nacional de Cardiologia (INC). Todos os profissionais prestigiados salvaram vidas em condições adversas recentemente. Presidiram o evento o presidente e o vice-presidente do CRM, Nelson Nahon e Renato Graça, respectivamente; o conselheiro do Conselho Federal de Medicina Sidnei Ferreira; a presidente da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro, Isabel Madeira; e a diretora de qualidade assistencial da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro, Viviane Belidio.
A s equipes do HGNI e da Maternidade Mariana Bulhões precisaram fazer uma cesariana de emergência em uma grávida, baleada na cabeça durante uma tentativa de assalto, ao mesmo tempo em que realizavam uma cirurgia neurológica para salvar sua vida. A paciente não só não teve sequelas como recebeu o bebê em seus braços, saudável e bem cuidado. No INC, cirurgiões executaram dois transplantes de coração, em menos de 12 horas, após driblar bloqueios em vias cariocas causados por confrontos entre bandidos e policiais. O transporte dos órgãos foi feito de helicóptero; e as vidas de um menino de 12 anos e uma mulher de 26, salvas com as operações.
Os médicos homenageados descreveram os dois casos e contaram um pouco do seu dia a dia. No HGNI, a emergência recebe vítimas de violência urbana praticamente todos os dias. A unidade passa por muitas dificuldades de superlotação e falta de financiamento, mas, mesmo assim, os médicos estão motivados a ajudar a população local:
"Os hospitais da Baixada Fluminense foram fechando, e hoje nós cobrimos, no Hospital da Posse, uma população de quase quatro milhões de pessoas. Temos apenas 400 leitos, e o ministro da Saúde negou mais uma vez o aumento de verba. Mesmo com todos os obstáculos que o poder público nos impõe, vemos que, em nossa equipe, a vontade de ser médico e praticar a boa medicina prevalece", diz Joe Sestello, diretor do HGNI.
Marcelo Rocha, chefe do time que salvou a grávida e seu bebê, conta que esse foi um caso mais difícil, mas que as dificuldades são diárias: "Esperávamos que a paciente fosse ficar com sequelas, mas a evolução acabou sendo muito positiva. Ficamos bem felizes com o desfecho. Ela precisou de uma intervenção multidisciplinar, e nossa equipe procedeu de forma bastante técnica, adequada e rápida. Assim, conseguimos conter a hemorragia e realizamos o parto em 16 minutos", disse.
Os profissionais do INC destacaram que, no caso dos transplantes, foi necessária a ajuda de muitas pessoas, como os médicos dos hospitais de onde vieram os corações e os responsáveis pelo transporte, por ar e por terra. O primeiro órgão veio de Curitiba para um menino de 12 anos. A equipe do instituto foi de avião até o Paraná para a captação e voltou, em uma corrida contra o tempo, em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Depois do pouso no Aeroporto Antonio Carlos Jobim, os médicos seguiram de helicóptero até o Palácio Guanabara, de onde partiram de ambulância, escoltados pela Polícia Militar, até a unidade. Por fim, a cirurgia foi concluída em quatro horas e sete minutos. O segundo coração estava na Baixada Fluminense e precisou ser transportado de helicóptero devido a interdições na Avenida Brasil causadas por tiroteios. O procedimento foi feito à noite e salvou a vida de uma mulher de 26 anos que estava no CTI do INC há mais de um mês.
Bruno Marques, cirurgião do Programa de Transplante Cardíaco do INC, detalhou todo o processo e agradeceu o reconhecimento do CREMERJ: "Essa homenagem faz a gente lembrar que o que fazemos é importante. Não é mais um dia, mas sim uma oportunidade de fazer a diferença. Trata-se de uma amostra de que o conselho está do nosso lado e de que podemos contar com ele nas horas boas e ruins", comentou.
O diretor do INC, João Manoel de Almeida Pedroso, destacou o momento em que vem o reconhecimento: "Simbolicamente, isso tem um valor muito grande. A homenagem não só mostra o trabalho de todos os médicos do estado como destaca que, na maior crise que o Rio de Janeiro já viveu, nossa categoria vem trabalhando para melhorar, cada vez mais, o cuidado à população. O INC é uma unidade de excelência. O programa de transplantes está avançando bastante, especialmente na captação. Esses procedimentos são resultado de um trabalho conjunto que envolve várias instituições e profissionais diferentes".
O presidente do CREMERJ, Nelson Nahon, destacou que as duas equipes representam as instituições públicas de saúde: "Temos aqui um retrato do Sistema Único de Saúde. De um lado, o INC, instituto de excelência com tecnologia de ponta; de outro, um hospital de urgência e emergência na Baixada Fluminense, abandonado pelos governantes, mas que faz muito pela população. Esses profissionais nos mostram que o SUS é viável e só depende de financiamento, gestão e o fim da corrupção. Ao contrário do que diz o ministro, nós, médicos, não fingimos que trabalhamos. Nós trabalhamos muito e em péssimas condições. Vamos estar unidos nessa luta constante em defesa de condições dignas para atender o povo como ele merece".
Os médicos receberam placas de homenagem e participaram de um coquetel ao fim do evento. Estiveram presentes os conselheiros do CRM Gil Simões, Érika Reis, José Ramon Blanco e Pablo Vazquez.
Médicos homenageados:
Hospital Geral de Nova Iguaçu
Marcelo Rocha Gonçalves Filho
Arthur da Conceição Dias Ferreira
Marcos Santos de Oliveira
Guilherme Aranha
Vinicius de Andrade Malta
Gabriela Nunes Zellmer
Pedro Henrique Marques Bravo
Renan Salomão Rodrigues
Carlindo de Souza Machado e Silva Filho
Maternidade Mariana Bulhões
Joicielle de Fátima Silva Valente Quadros
Julio Cesar Pelegrine Silva Filho
Instituto Nacional de Cardiologia
Alexandre Rouge
Cristiane Gomes Guimarães
Alexandre Cauduro
Marcelo Gomide
Bruno Marques
Rafael Borges
Aurora Felice Castro Issa
Jaqueline Sampaio dos Santos Miranda