Salgado Filho: médicos apresentarão proposta para Hans Dohmann
25/11/2013
Devido à situação caótica do Hospital Municipal Salgado Filho, membros do corpo clínico da unidade e representantes do CREMERJ se reuniram nesta segunda-feira, 25, para debater uma série de propostas que será apresentada ao secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann. Os médicos apontaram como mais crítico: a falta de recursos humanos, a superlotação, os salários baixos e as condições péssimas de trabalho. Para os médicos, é necessário: referenciar a emergência – fechar a porta de entrada – até que o déficit de pessoal seja suprido; contratação imediata para todas as especialidades; leitos de retaguarda para reduzir a superlotação principalmente da emergência; melhoria salarial; e concurso público com salário digno.
De forma unânime, o setor que mais preocupa é a emergência devido à constante superlotação e às condições precárias de trabalho. Hoje, por exemplo, o CREMERJ constatou que, na sala de repouso, havia 31 pacientes masculinos para sete leitos, e 20 femininos para outros sete, sem contar os pacientes que, em macas, aguardavam atendimento no corredor. Para piorar a situação, a Unidade de Pacientes Graves (UPG) foi fechada. No espaço, passou a funcionar a sala vermelha, onde, hoje, havia 26 pacientes graves, sendo que 11 estavam entubados. Para atender a todos, tinha apenas um clínico de plantão, quando deveria ter no mínimo três.
Segundo os médicos, a emergência ficou ainda mais sobrecarregada após a desativação de 12 leitos de clínica médica pela falta de médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Se não houver contratação imediata de recursos humanos, a tendência é que outros leitos sejam fechados. Referência no serviço de neurocirurgia, o Salgado Filho chegou a ter 20 neurocirurgiões. Porém, atualmente, há somente oito.
A residência em clínica médica está em diligência pela Comissão Estadual de Residência Médica do RJ (Ceremerj). Por esse motivo, não haverá residência em 2014, em razão da falta de recursos humanos para a supervisão.
O Sistema de Regulação de Vagas foi outro ponto duramente criticado pelos colegas, por encaminhar ao hospital pacientes fora do perfil.
O presidente do CREMERJ, Sidnei Ferreira, lembrou que o Conselho vem há tempos denunciando o sucateamento do Salgado Filho e destacou que a entidade apoia a proposta do corpo clínico.
“Denunciamos essa situação para o Ministério Público, Delegacia do Consumidor e outros órgãos. Os médicos não podem ser responsabilizados por esse descaso e a população merece um atendimento de qualidade. Queremos uma solução para esse problema e vamos apresentar essa proposta em nome do corpo clínico para o secretário municipal de Saúde”, afirmou.
Na semana passada, o CREMERJ entregou para Hans Dohmann relatórios das últimas fiscalizações. O Conselho marcará um novo encontro para apresentar ao secretário as propostas do corpo clínico.
Os conselheiros Nelson Nahon, Luís Fernando Moraes e Erika Reis; e a presidente da Comissão de Ética Médica, Maria Helena Coutinho Esteves, também participaram da assembleia.