Aviso de Privacidade Esse site usa cookies para melhorar sua experiência de navegação. A ferramenta Google Analytics é utilizada para coletar informações estatísticas sobre visitantes, e pode compartilhar estas informações com terceiros. Ao continuar a utilizar nosso website, você concorda com nossa política de uso e privacidade. Estou de Acordo

Clipping - Associação Médica Brasileira recebe 273 denúncias por falta de equipamentos de proteção no Rio

O Globo Online /

05/04/2020


O maior volume de reclamações vem do município do Rio, com 150 queixas

RIO - Em meio a pandemia do novo coronavírus , a Associação Médica Brasileira (AMB) recebeu do dia 19 de março a 1º de abril, 273 denúncias por falta de equipamentos de proteção individual (EPI) dos profissionais de saúde. Dos 92 municípios do Rio, a entidade recebeu queixas vindas de profissionais de saúde de 44. O maior volume de reclamações vem do Rio de Janeiro (150). Em seguida, aparecem Duque de Caxias e Nova Iguaçu, com 12 e 9 denúncias, respectivamente.

O item mais mencionado nas queixas foi a máscara N95 , representando 80% dos relatos. Seguido dos óculos e capote impermeável, representando respectivamente 64% e 62%. A falta do álcool em gel também aparece nas denúncias, com 41% dos respondentes afirmando a ausência do item.

A médica Lya (aqui protegida por um pseudônimo), que atuou no Hospital Mariska Ribeiro, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, conta as consequências da ausência dos aparelhos:

- Logo que começou o isolamento e os casos de transmissão local, comecei a usar máscara e luvas para atender os pacientes na maternidade em que trabalhei, onde as enfermarias continuavam tendo acesso normal de visitantes e acompanhantes - diz.

Lya conta que foi chamada atenção pelo chefe da equipe para não usar proteção no atendimento ao paciente:

- Em uma reunião, ele colocou que era uma medida econômica para poupar a unidade de saúde. De acordo com a posição do gestor, anunciei que compraria meus próprios equipamentos de proteção individual. A reação dele foi me proibir de usar os aparelhos pois eu causaria 'pânico' no hospital, por conta dessa postura, pedi demissão - explica.

Em outros hospitais, a profissional conta que ainda observa a ausência dos aparelhos de proteção de saúde:

- Vejo a utilização de máscaras e óculos que não protegem efetivamente. Os capotes não são impermeáveis, o que usamos é uma camisola de TNT.  Nos pés, não usamos nada. Estamos muito vulneráveis - desabafa.

O presidente da AMB, Lincoln Ferreira, aponta que a falta de EPIs pode levar a falta de atendimento dos profissionais de saúde em um momento de colapso durante a pandemia, gerando uma crise ainda maior:

- É triste as más condições que os colegas médicos e suas equipes estão enfrentado no combate ao novo coronavírus. A falta das medidas de proteção adequadas na luta contra a pandemia pode acarretar riscos gravíssimos. Os equipamentos garantem a segurança, não só dos profissionais, mas também de outros pacientes, evitando a disseminação do vírus - explica.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou que está reforçando seus estoques e investindo na compra de mais Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para aumentar a segurança dos profissionais de saúde no momento de avanço do coronavírus.

Na nova compra, autorizada na última  quinta-feira (2), estão incluídos 14 milhões de máscaras, 3 milhões de toucas e mais de 500 mil luvas. A secretaria declarou que a previsão é que parte desse material comece a chegar nas unidades no prazo de 10 dias.