Clipping - Em pleno verão, pacientes de hospitais do Rio sofrem com falta de ar condicionado
G1 /
10/01/2020
Aparelho estava ligado no Hospital Getúlio Vargas, mas não funcionava em uma enfermaria. Cremerj diz que climatização é fundamental para recuperação dos doentes.
Em pleno verão, várias unidades de saúde do Rio estão sem ar condicionado. Um sofrimento para pacientes e profissionais, que sofrem com o forte calor, como está acontecendo no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, na Zona Norte do Rio. Na última semana o mesmo problema foi relatado no Hospital Pedro II, em Santa Cruz, UPA de Caxias e na UPA da Taquara.
O pai de uma adolescente que realizou uma cirurgia de apêndice de emergência no Getúlio Vargas diz que a operação ocorreu sem problemas. Os transtornos começaram quando a jovem foi levada para a enfermaria. O aparelho de ar-condicionado não funcionava, o local estava com janelas abertas, e o calor era amenizado por ventiladores levados por parentes de outros pacientes.
'Parecia uma sauna. Tinha umas seis pessoas internadas e cada um tinha seu ventilador próprio. O ar-condicionado estava ligado, mas dele não saía nada. Janelas e portas estavam abertos. A gente percebeu que minha filha não tinha como ficar ali sem ventilador. Meu cunhado trouxe o ventilador, registrei na portaria. O atendimento médico foi ótimo, mas a parte do ar condicionado falhou', disse o pai Rogers Cunha, destacando que acredita que o problema seja a falta de manutenção do aparelho.
A Secretaria Estadual de Saúde disse em nota que, ao todo 650 aparelhos de ar-condicionado já foram instalados em diversas unidades da rede e segue em processo de compra de novos aparelhos A secretaria não falou nada especificamente sobre o caso do Hospital Getúlio Vargas.
A instalação e bom funcionamento de ar condicionado em unidades de saúde não é luxo, é questão de saúde pública. O forte calor pode prejudicar a recuperação dos pacientes. E a falta de manutenção, limpeza e ineficiência na climatização do ambiente pode comprometer, por exemplo, a hidratação dos pacientes e trazer riscos de infecção. O ambiente fica propício para a proliferação de bactérias.
O diretor do Conselho Regional de Medicina do RJ (Cremerj) e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Flávio de Sá Ribeiro diz que o problema do ar condicionado, ao contrário do que se pode imaginar, não é um problema menor diante do caos que se verifica na saúde do Rio.
'É extremamente importante a climatização em países que têm climas extremos, seja frio ou calor. As temperaturas extremas já impactam que não tem problemas de saúde e mais ainda em quem está internado para tratamento de doenças graves. A alta temperatura altera completamente a resposta do metabolismo humano. Então, para se recuperar de uma cirurgia, o paciente precisa estar num ambiente climatizado para que não tenha um desgaste extra que vai impactar no resultado do tratamento', explicou o Ribeiro.
Segundo o diretor do Cremerj, a situação do paciente pode se agravar muito com desidratação e acentuar os distúrbios relacionados a água e sais do corpo e isso provocar um retardo na recuperação.
Ribeiro diz que levar ventilador de casa para o hospital não é aconselhável porque pode disseminar pelo ar partículas que carregam vírus e algumas bactérias.