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Clipping - Governo atrasa repasses e população paga a conta

Extra / Mais Baixada

14/03/2018


Dívida com Hospital da Posse já passa de 37 milhões e moradores sofrem à espera de transferências para fazer cirurgias e exames em outras unidades.

Há exatos três meses, o aposentado José Cruz da Silva, de 62 anos, só tem um desejo: de voltar para casa. Internado no Hospital Geral de Nova Iguaçu (Hospital da Posse) desde 14 de dezembro, após um enfarte, ele espera a transferência para uma unidade onde possa realizar a cirurgia de ponte de safena. Além dele, outros 84 pacientes do hospital estão cadastrados na Central Estadual de Regulação (CER) aguardando vaga para cirurgias ou exames em outros hospitais.

— O pior é essa angústia de esperar pela cirurgia — ressalta José.

A falta de vagas em hospitais do Rio de Janeiro e a consequente demora na transferência de pacientes regulados gera mais custos ao hospital e é um risco aos pacientes, explica o diretor da unidade, Joé Sestello:

— Isso traz dois problemas: aumento de custo sem aumento do custeio e um maior tempo do paciente internado, que disputa vaga com os que chegam pela emergência. O grande volume de chegada na emergência é o paciente ortopédico. No caso do paciente de coluna, por exemplo, se não operar a tempo, ele pode ficar até mesmo sem andar.

E foi fratura na coluna que levou o marceneiro Nerinildo da Silva Neri, de 58 anos, à emergência, dia 21 de janeiro, após ser atropelado por um ônibus. Ele foi cadastrado no CER no dia 2 de fevereiro.

— Não esperava que fosse ficar tanto tempo aqui. Quero logo voltar a trabalhar — desabafa Nerinildo.

O segurança Álvaro Henrique Bonfim da Silva, de 61anos, não imagina quando vai voltar ao serviço. Ele internou no dia 21 de janeiro e espera desde 11 de fevereiro uma cirurgia para desobstruir uma veia e amputar um dedo:

— O que falta é o governo olhar mais para o trabalhador.

Em 2017, de 696 pacientes regulados na Posse, aguardando vaga em CTI adulto, só dois foram transferidos.

— A distribuição precisa contemplar áreas mais fragilizadas e a Baixada é uma delas — lembra Sestello.

Pacientes que não forem operados logo da coluna correm o risco de ficar sem andar

Promessa de transferir

A direção do Hospital da Posse informou que os repasses do Estado ao complexo hospitalar de Nova Iguaçu (a maternidade e o hospital) estão atrasados há quase três anos, totalizando dívida de R$ 37,5 milhões.

A Secretaria estadual de Saúde informou que, em 2017, o hospital recebeu repasses de R$ 15 milhões. E que a secretaria deliberou na Comissão Intergestora Bipartite que a unidade receba ainda este ano R$ 30 milhões do governo federal.

A secretaria disse que as cirurgias de coluna são encaminhadas para o Into, hospital federal, mas a unidade ainda não abriu vaga para regulação. O paciente que aguarda pela cirurgia de ponte de safena será transferido até quinta-feira para o HSCOR. O paciente que aguarda cirurgia vascular será transferido ainda esta semana para o Instituto Estadual de Cardiologia. A CER informa que, desde janeiro, já transferiu cerca de 200 pacientes do Hospital da Posse para outras unidades do estado.