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Clipping - Hospital Pedro Ernesto suspende novas internações

Extra / Cidade

05/12/2017


Com atrasos nos salários, hospital da Uerj decide reduzir atendimentos

 O Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Uerj, suspendeu ontem novas internações. A decisão, segundo a unidade, ocorreu devido ao atraso no pagamento de servidores, que já chega a dois meses e meio — metade do mês de setembro, além de outubro e novembro —, sem contar o 13º salário do ano passado. A direção do hospital pretende com a medida reduzir o número de leitos ocupados de 250 para 180.

Novas internações só ocorrerão quando essa meta for atingida, avisou o hospital em documento interno. O Pedro Ernesto, em Vila Isabel, é referência em diferentes especialidades, como transplantes, e conta com cerca de 2.700 funcionários.

De acordo com o Hupe, sem previsão de pagamento, muitos servidores estão com dificuldades para ir trabalhar. “Considerando a necessidade de garantir a qualidade do atendimento dos pacientes internados, neste momento de escassez de recursos humanos, em virtude da ausência de pagamento de salários, a direção do Hupe resolve interromper as internações até que alcancemos um universo de 180 leitos ocupados”, informa uma circular enviada a todos os setores do hospital assinada pelo diretor Edmar Santos.

O reitor da Uerj, Ruy Garcia Marques, contou que a decisão foi tomada na sexta-feira. Segundo ele, o hospital ainda está aberto porque recebe mensalmente R$ 7,5 milhões de custeio, repassados devido a determinação judicial.

— Docentes e técnicos administrativos não conseguem vir à universidade por não terem dinheiro para a sua locomoção. Isso se faz sentir de forma mais perversa no Hospital Pedro Ernesto, onde lidamos com vidas. Sou médico, sou cirurgião. Preciso de dinheiro para pagar o ônibus, a gasolina, o almoço. Como punir pessoas que não conseguem vir? — disse o reitor.


Rotina já é afetada


Uma médica diz que funções de rotina foram afetadas:

— Nós não conseguimos trabalhar sem os administrativos. A maioria dos médicos ainda tem uma outra fonte de renda, mas, os administrativos, não. Não temos funcionário para digitar os laudos. Nós não conseguimos digitar, não tem como o médico fazer isso atolado de atendimento.

Em abril, o Hupe já sentia os efeitos da crise. Na época, a unidade funcionava com 200 leitos, 57% da média do hospital, que já teve 512 leitos.

— Dois terços dos funcionários estão sem condições de trabalhar. O hospital só não parou de vez por questões humanas — afirma Jorge Luis Mattos, técnico de enfermagem da cirurgia cardíaca e coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais. — O hospital é referência em especialidades como cirurgia cardíaca, nefrologia e urologia.

O secretário estadual de Ciência e Desenvolvimento Social, Gabriell Neves, disse que está buscando “medidas rápidas para o Pedro Ernesto”, mas não explicou quais.

Aniversário sem festa

No dia em que completou 67 anos, a Uerj teve ontem muito pouco a comemorar. O calendário acadêmico está paralisado e ninguém sabe quando o segundo semestre letivo de 2017 terá início. A notícia de que o bandejão, fechado desde janeiro, reabriu ontem não foi suficiente para melhorar os ânimos. O reitor Ruy Garcia Marques afirma que o serviço poderá ser interrompido, caso não haja a normalização dos pagamentos da Secretaria estadual de Fazenda.

Segundo ele, as duas últimas empresas que administraram o restaurante desistiram porque ficaram sem receber por meses.

A bagunça no calendário é outra preocupação. Nem todos os docentes aderiram à greve, fazendo com que alguns cursos estejam encerrando as atividades do semestre, enquanto outros mal começaram. A solução, segundo o reitor, será interromper as atividades de quem está trabalhando normalmente para que, em algum momento, a grade da universidade se encontre.

Os salários de setembro e outubro dos funcionários da Uerj, incluindo docentes, não foram pagos, e não há previsão nem do 13º salário de 2016 ou 2017.