Clipping - Bebê de 5 meses morre à espera de transferência
O Dia /
26/06/2017
Internado desde segunda no Hospital da Posse, Kauê
teve parada cardíaca no sábado
Ninguém sabe a dor de um pai e uma mãe ao ter que en-
terrar um filho”,desabafa o motoboy Lucas Assunção, 25 anos, pai de Kauê, de 5
meses, que estava internado com problemas cardíacos desde segunda-feira no
Hospital da Posse, em Nova Iguaçu. O bebê precisa- va ser transferido até
quarta- feira para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro, no
Humaitá, mas a transferência só veio no sábado. Era tarde demais. “O
coraçãozinho dele parou antes", frisa o pai desolado.
Kauê completaria seis meses na próxima quinta-feira e
lutava contra um problema no coração. “No primeiro mês de vida do meu filho,
descobrimos que ele tinha uma má formação”, conta Lucas, com a voz embargada.
Ele enterrou o filho ontem, em Olinda, Nova Iguaçu.
Entre idas e vindas aos hospitais, os médicos informaram à
família que a criança precisaria fazer diversas cirurgias. Mas Kauê apresentou
uma melhora e voltou para casa. Com cinco meses e meio, ele apresentou um
quadro de respiração ofegante e bastante tosse e foi levado, na segunda-feira,
para o Hospital da Posse.
“Tiveram que colocar dreno nele para tirar o excesso de
catarro. Ele ficou entubado e a doutora falou que era preciso uma transferência
urgente para o Hospital do Coração. Na quarta-feira, ele piorou e teve três
paradas cardíacas”, conta o pai.
No sábado, quando uma ambulância do Corpo de Bombeiros
chegou para efetuar a transferência da criança para o Humaitá, Lucas foi
informado de que a mudança não seria possível. “A doutora disse que não poderia
fazer a transferência porque ele estava tendo outra parada cardíaca. A gente só
pedindo a Deus e orando”.
Às 15h50 o coração do bebê não resistiu mais. “O Kauê
estava lutando, mas o coraçãozinho dele não aguentava. A causa da morte foi
parada cardíaca e bronquiolite”, lamenta Lucas.
SEM CARDIOLOGISTA
“O atendimento do Hospital da Posse foi ótimo, mas não aceitam cardiopatas. Acho que, se tivesse um cardiologista ali, meu filho estaria bem. Acho que tinha que ter um especialista de coração naquele hospital. Queria que isso não acontecessecom nenhum aoutra criança”, diz Lucas. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que Kauê “não apresentava condições clínicas para a transferência”. Já o Hospital da Posse não retornou as ligações até o fechamento dessa reportagem.